segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Um novo futuro para a juventude

Um novo futuro para a juventude
Pesquisa // Estudo mostra que, em 20 anos, população entre 15 e 24 anos reduzirá, assim como a pressão por novas vagas de trabalho
Luiza Seixas
luizaseixas.df@dabr.com.br


Brasília - A principal preocupação dos jovens de hoje em relação ao futuro é de como será o mercado de trabalho. Eles acreditam que, se hoje a competição é grande, daqui a alguns anos a briga por uma vaga será mais acirrada. As pessoas terão que se destacar mais e ter especialização na área em que pretendem trabalhar. Outro ponto que também vem assustando a juventude brasileira é a violência. Mas, de acordo com publicação divulgada nesta semana, a realidade dos jovens pode ser diferente nos próximos 20 anos. Os dados foram levantados pelo Fundo de População das Nações Unidas, pela Secretaria Nacional de Juventude, pela Universidade de Brasília e pela Caixa Seguros.

Diante da realidade atual, o estudante de administração Bruno da Cruz Portes, 20, nem pensa em ter filhos, pois teme o futuro deles. Atualmente, ele trabalha em um laboratório de análises, mas garante que entre seu grupo de amigos, é um dos poucos que está empregado. "O mercado está muito competitivo. Se hoje já vejo muita gente correndo atrás e tendo dificuldade de entrar no mercado, fico imaginando como vai ser daqui a alguns anos", disse. "Fico preocupado também com a violência. Não vou colocar filho no mundo para ficar preocupado com essas coisas", completa Bruno.

O livro A juventude brasileira no contexto atual e em cenário futuro afirma que até 2030 os jovens terão menor participação no mercado, maior escolaridade, mas pouco avanço na redução da mortalidade causada por fatores externos, como violência e acidentes. Segundo a representante do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), Taís Freitas Santos, o país está passando por mudança em termos demográficos. A população brasileira, a exemplo de populações desenvolvidas e em desenvolvimento, vivencia declínio de fecundidade. "Esse processo nos outros países levou cerca de 100 anos e no Brasil acontece em 30. Isso implica menos jovem e em tendência de envelhecimento da população", diz.

Essa redução resulta, como explicou, em relação ao mercado de trabalho, em contínuo crescimento da população em idade ativa, que vai de 10 a 59 anos, passando de 53 milhões de pessoas em 2006 para 56,6 milhões em 2030. Mas a demanda de jovens entre 15 e 24 anos cairá de 21,5% para 14,3%, reduzindo a pressão por abertura de novas vagas. Hoje são necessárias mais de 1 milhão de vagas para absorver as pessoas que buscam o primeiro emprego. Ela ressalta ainda que, no futuro, há expectativa maior de igualdade de gêneros no mercado, decorrente do atual índice de escolaridade das mulheres, que tem crescido bastante. "Hoje, as mulheres têm nível de escolaridade maior que os homens, mas tê m empregos piores. E, quando o posto ocupado é o mesmo, o salário é menor", afirma. Apesar desses pontos positivos, a mortalidade de faixa da população por causas externas, pode aumentar. "É preciso realizar investimentos, como criar empregos para dissolver essa população, para que esse fator diminua", completa.

Números positivos

O estudo mostra ainda que o número de analfabetos entre 15 e 24 anos poderá cair entre 28% e 83,5% até 2030, resultando em uma taxa de analfabetismo quase nula. Em relação à saúde, a análise indica que são necessárias políticas públicas específicas e contínuas. Pois, se por um lado possuem um maior acesso ao sistema de saúde, por outro, encontram-se mais vulneráveis e expostos à gravidez precoce e à infecção pelo HIV/Aids. Para a representante do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), Taís Freitas Santos, o livro traz duas vantagens: tratar a juventude além do cenário atual e fornecer termos para o futuro e não trabalhar apenas em um agregado, mas chegar no nível de regiões metropolitanas, com dados das nove maiores regiões e de quatro capitais: Brasília, Goiânia, Manaus e Teresina.

"Outro grande problema que a gente vê é que as políticas são elaboradas apenas em determinado governo e o nosso grande desafio é transformá-las em políticas de estado, pois assim você tem um comprometimento maior. Quando éde governo, no momento em que ele termina, o compromisso muda", explica Taís. A publicação projeta uma redução de 18,3% do total de jovens na população brasileira até 2030. Essa queda deverá ser mais expressiva nas regiões metropolitanas de Brasília e Goiânia.

Fonte:

Diário de Pernambuco

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