quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Jobim afasta general que criticou PNDH

Jobim afasta general que criticou PNDH
Publicado em 11.02.2010

Maynard Santa Rosa escreveu carta chamando a Comissão da Verdade de “comissão da calúnia”, que seria integrada por “fanáticos”. Com isso, ministro Nelson Jobim decidiu afastá-lo do cargo

SÃO PAULO – O general de Exército da ativa Maynard Marques de Santa Rosa foi exonerado ontem da chefia do Departamento-Geral de Pessoal do Exército (DGP), depois de condenar em nota a Comissão da Verdade, criada pelo governo para investigar crimes da ditadura militar (1964-1985), chamando-a de “comissão da calúnia”, que seria integrada por “fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o sequestro de inocentes e o assalto a bancos como meio de combate ao regime para alcançar o poder”.

A exoneração de Santa Rosa, um dos 15 membros do Alto Comando do Exército, foi decidida pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, depois que reportagem da Folha de S. Paulo revelou o conteúdo da nota contra a Comissão da Verdade. O ministro anunciou a exoneração depois de conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na posse do novo ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto.

Jobim já havia conversado com o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, que estava a serviço em Santa Maria (RS), questionando se a nota era verdadeira, se fora escrita por Santa Rosa e exigindo providências imediatas.

Cerca de duas horas depois, segundo a versão oficial, Peri ligou de volta, respondendo afirmativamente e sugerindo a exoneração. Jobim então enviou ontem mesmo uma exposição de motivos nesse sentido para o presidente, que confirmou a exoneração. “Esse assunto está absolutamente encerrado”, afirmou o ministro.

Santa Rosa, porém, continuará na ativa, como adido no gabinete do comandante Enzo Peri, até o próximo dia 31 de março, quando completa o tempo máximo de permanência no generalato, de 12 anos, e vai compulsoriamente para a reserva remunerada.

Também ontem, a oposição aproveitou a ausência de governistas e aprovou a convocação da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) para depor na Comissão de Constituição e Justiça do Senado sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos. Dilma será obrigada a comparecer sob pena de responder por crime de responsabilidade. A data ainda não foi marcada.

Os aliados tentaram evitar, mas chegaram tarde à reunião. O requerimento, da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), não constava da pauta. Com isso, a oposição, mesmo em minoria, conseguiu aprovar a convocação por 9 votos a 7.

Em ano eleitoral, o objetivo é obrigar a ministra e presidenciável do PT a se posicionar sobre temas polêmicos que constam do plano como reforma agrária, legalização do aborto, casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e a Comissão da Verdade.
Fonte:
Jornal do Commércio

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