sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pernambuco é o segundo estado do país com maior índice de trabalho escravo

JustificarBrasil ainda luta para ser livre
Pernambuco é o segundo estado do país com maior índice de trabalho escravo
28/01/10


Escravos ainda existem no Brasil, mesmo que sem correntes. Pernambuco é o segundo estado do país e o primeiro do Nordeste no topo desse ranking negativo. Em dez inspeções feitas pelo Ministério Público do Trabalho até o final do ano passado, 419 pessoas foram encontradas em situações de escravidão.

Mais de 3 mil pessoas foram achadas em situação de escravidão em 2009. Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press - 12/2/09
Todas trabalhavam sem carteira assinada e sem receber salário, com o agravante de longas jornadas. Sem direito a banheiro, água potável e alimentação. As novas senzalas se parecem com as antigas. São engenhos e usinas de cana de açúcar da Região Metropolitana do Recife e do interior estadual. Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e servem de alerta. Hoje é o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. No país, 3.571 pessoas foram resgatadas dessa condição em 2009.

Em termos de estatística, Pernambuco só perde para o Rio de Janeiro, que teve 521 flagras de trabalho desumano em 2009. No interior do estado, a maioria não sabe ler ou é analfabeta funcional, que só consegue escrevero próprio nome. Todos passam o dia em rotinas exaustivas, cortando de três a quatro toneladas de cana por dia. Vivem para trabalhar e, à noite, repousar o corpo desgastado para o dia seguinte. Um dia sem sonhos, sem dignidade.

As informações são da procuradora e vice-coordenadora nacional da Coordenadoria de Erradicação ao Trabalho Escravo, Débora Tito. Ela disse que os "flagras" de escravidão ocorreram nos em Moreno, Amaraji e Aliança, respectivamente na RMR, na Mata Sul e Mata Norte. Segundo ela, o perfil dos "novos escravos" é parecido com o de antigamente. Ao todo, 90% são homens de 18 aos 40 anos com performance de atleta. Os tempos são outros sim, mas a cultura da escravidão mantém-se viva e forte no capitalismo.

Nos lugares onde se encontrou trabalho escravo, segundo a procuradora, o pensamento do patrão é o seguinte: quanto menos benefícios para o trabalhador, mais lucro. "Os cenários onde essas pessoas vivem ainda é o mesmo dos nossos livros de história. A diferença é que o empregador não tem ódiodo empregado, como o senhor de engenho tinha. Ele simplesmente é indiferente. Acha que, para o pobre, qualquer coisa basta", protestou a procuradora.

Segundo ela, nos três municípios onde havia trabalho sem dignidade, especialmente em Moreno, os homens viviam em condições de higiene precária. "Eles se alimentam do próprio bolso, não tem sequer banheiro, água potável. Quando a gente procura o empregador, ele diz simplesmente: eu não sabia", destacou.

Débora Tito ressaltou que, durante as inspeções, o MPT de Pernambuco ainda assinou seis termos de ajustes de conduta com os empregadores e ajuizou duas ações civis públicas. "O contrato de todos os que foram resgatados nessa situação foi reincidido e eles ganharam seguro de desemprego de três meses. O problema é que, assim que passa esse período, eles tendem a voltar a trabalhar nas mesmas condições, porque ainda não existem programas de reinclusão social para eles".

Do total de empregados que viviam em situações análogas à escravidão, apenas um tinha 16 anos,segundo a procuradora. Era um menino, analfabeto, filho de agricultores rurais. Estava no corte da cana, ao invés de estar estudando. Para Débora Tito, não havia crianças nos engenhos e usinas porque elas não têm força física para cortar cana.

Sanções rígidas
Vice-coordenadora nacional da Coordenadoria de Erradicação ao Trabalho Escravo, Débora Tito alerta que, apesar da perspectiva de lucro fácil obtida com o trabalho escravo, os prejuízos podem ser grandes para quem comete esse tipo de crime. O engenho que for flagrado com trabalhadores em situação precária entra numa lista pública e fica impedido de receber ajuda internacional ou financiamento de bancos brasileiros, como Banco do Brasil, Banco do Nordeste do Brasil e Caixa Econômica Federal. "Os empregadores respondem a ações civis e penais, ficam proibidos de receber crédito e ainda pagam pelo dano moral coletivo. O somatório de indenizações pagas no ano passado em Pernambuco foi de R$ 787,1 mil. No Brasil, foram R$ 13,6 milhões", observou.

Por meio de nota, o presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha, disse ser uma contradição saber do balanço feito pelo MPT por meio da imprensa. Segundo ele, as empresas do setor deveriam ser informadas com antecedência sobre esses casos considerados análogos ao chamado trabalho escravo. Ele discordou, inclusive, do termo usado pelo MPT. "Consideramos esse conceito subjetivo, pois - em Pernambuco - as usinas cumprem a legislação trabalhista vigente e também seguem o termo de compromisso de ajuste de conduta firmado em 2009".

Renato Cunha ainda discordou dos números apresentados. Ele acredita que estados importadores de mão de obra, como os do Centro-Sul, são os que mais apresentam casos de situações análogas. "Aqui, procuramos zelar pelo trabalho digno, sem nenhuma precarização. Essa é a orientação e a conduta majoritária do segmento em Pernambuco", pontuou.

Pólo têxtil - De acordo com o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Fábio Farias, além do campo, também há indícios de trabalho análogo ao de escravos no pólo têxtil de Pernambuco, incluindo os municípios de Toritama, Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru. Ele frisou que, nesses lugares, a fiscalização é mais difícil, porque as pessoas trabalham para pequenas fábricas de costura, mas às vezes em casa. "O trabalho geralmente é retalhado. Um grupo faz a manga de uma camisa, outro faz o bolso, por exemplo. Essas denúncias têm chegado ao MPT desde 2007, mas só pudemos começar a investigar a partir de setembro, quando passamos a ter um procurador em Caruaru", destacou.


Fonte:

Diário de Pernambuco

Jovens brasileiros II

Jovens brasileiros II
28/01/10

De acordo ainda com a pesquisa “Síntese dos Indicadores Sociais”, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a melhora no Nordeste é atribuída aos programas sociais do Governo Federal, sobretudo o Bolsa Família, pois quanto mais pobre é a pessoa, mais importante é este programa social. Além deste benefício, o salário mínimo e o crescimento econômico são também importantes na redução da pobreza, sendo necessário que o Bolsa Família se torne um direito do cidadão, assim como é a aposentadoria. Vale dizer que as pessoas que vivem em situação extremamente pobre não estão nestas condições por acaso. A razão principal é a falta de oportunidade numa cidade, por exemplo, a falta de capital humano e a falta de capital social, contribuem para isso. Ainda de acordo com o IBGE, o índice de jovens d até 24 anos que têm ensino médio completo é de 36,8%. O dado revela que dobrou o número de jovens que concluíram essa faixa de escolaridade, já que em 1998 a taxa era de 18,1%. Outro fator que chama a atenção são as desigualdades regionais. A Região Sudeste é a que apresenta o maior percentual (43,85%), seguida do Sul (37,7%), Centro-Oeste (35,4%), Norte (30,2%) e Nordeste (29,2%), com a taxa mais baixa. A pesquisa também revelou que houve aumento no número de jovens universitários no Brasil, com idade entre 18 e 24 anos. Em 1998, quase 7% dos jovens nessa faixa etária estavam matriculados em uma universidade. Em 2008, a taxa subiu para 13,9%.

Fonte:

Folha de Pernambuco

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Combate à escravidão é reforçado por semana e data especiais

Combate à escravidão é reforçado por semana e data especiais

A partir de segunda-feira (25), atos e debates em vários Estados tratarão dos desafios para a erradicação do trabalho escravo contemporâneo. Assinaturas para a aprovação do confisco de terras de escravagistas serão recolhidas

Por Repórter Brasil

O combate ao trabalho escravo ganhou uma semana e um dia especial. A partir da próxima segunda-feira (25), serão realizadas atividades em vários estados do país com o propósito de sensibilizar a população, em geral, acerca da questão e de aumentar a pressão social para que haja cada vez mais avanços com vistas a erradicar a escravidão contemporânea. O ponto alto das diversas mobilizações será na quinta-feira (28) - data que marca oficialmente o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.

Um dos temas centrais das atividades, para além das conquistas e das dificuldades referentes à extinção do crime, será a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 438/01, que prevê a expropriação de terras onde houver exploração de trabalho escravo. Nos atos e debates organizados em torno do tema, serão coletadas adesões para o abaixo-assinado que pede a aprovação imediata da emenda, que aguarda pelo segundo turno da votação no Plenário da Câmara dos Deputados desde 2004.

Um dos principais eventos da programação será a oficina "Trabalho escravo: o quanto já caminhamos e o que falta a fazer?", marcada para quarta-feira (27), durante o Fórum Social Mundial 2010, em Porto Alegre (RS) com a participação do ministro chefe da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), Paulo Vanucchi.

Dados e informações sobre os segmentos que utilizam mão de obra escrava, atuação do poder público no combate ao crime e propostas legislativas que ajudariam a acabar com a escravidão contemporânea estão entre os principais temas que serão tratados durante o evento.

A oficina também discutirá o papel das organizações da sociedade civil, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidade que atua com destaque na denúncia, na prevenção e no apoio a trabalhadores libertados. Também haverá espaço para a abordagem de instrumentos de repressão econômica, como o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, que reúne mais de 200 empresas e associações - cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país - que se comprometeram a não adquirir produtos ou financiar empreendimentos envolvidos em casos de trabalho escravo.

O balanço político e jurídico do tema está previsto para a primeira parte da oficina contará com a participação de Laís Abramo, da Organização Internacional do Trabalho (OIT); ministro Paulo Vannuchi, da SEDH/PR; senador José Nery (PSol-PA), presidente da Comissão de Combate ao Trabalho Escravo do Senado Federal; Marcus Barberino, juiz do trabalho da 15ª Região; Sebastião Caixeta, da Coordenação Nacional do Combate ao Trabalho Escravo (Conaete) do Ministério Público do Trabalho (MPT).

Xavier Plassat, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Leonardo Sakamoto, da ONG Repórter Brasil, Francisco José dos Santos Oliveira, da Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Prevenção do Trabalho Escravo em Monsenhor Gil (PI) e um representante da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) farão o balanço social.

A oficina ocorrerá no dia 27 de janeiro, das 14h às 17h, no auditório do Semapi (Rua General Lima e Silva, 280), na capital gaúcha. A organização do evento é da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo e Frente Nacional contra o Trabalho Escravo (Conatrae).

Ato público
O Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo foi instituído por meio da Lei nº 12.064, publicada no Diário Oficial da União de 29 de Outubro de 2009. A data foi escolhida em homenagem aos auditores fiscais do trabalho Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e ao motorista Ailton Pereira de Oliveira, assassinados em 28 de janeiro de 2004, durante fiscalização na zona rural de Unaí (MG).

Na manhã (10h) da quinta-feira (28), o Sindicato Nacional de Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) promoverá ato público em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), para lembrar justamente do episódio que ficou conhecido como "Chacina de Unaí". O protesto se voltará contra a morosidade da Justiça no que diz respeito ao julgamento dos assassinatos, que completaram seis anos sem que os responsáveis fossem punidos.

"Como representantes de uma sociedade democrática e justa, temos o compromisso de não deixar que atos dessa natureza sujem essa sociedade e caiam no esquecimento", afirma a presidente do Sinait, Rosângela Silva Rassy, em carta de convite para a manifestação.

Pelo país
A programação em São Paulo (SP) será marcada pela realização do I Fórum Estadual de Combate ao Trabalho Escravo. O evento será nos dias 28 e 29, no auditório da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP). O Fórum será realizado no âmbito do Pacto Contra a Precarização e Pelo Emprego e Trabalho Decentes em São Paulo - Cadeia Produtiva das Confecções, firmado entre diversas organizações da sociedade civil, entre elas a Repórter Brasil, e outros órgãos oficiais.

O objetivo do evento é chamar a atenção para essa grave questão das relações de trabalho, bem como criar um ambiente favorável à elaboração conjunta de planos de trabalho visando à erradicação do trabalho degradante na cadeia produtiva têxtil em São Paulo. O auditório da SRTE/SP está localizado na Rua Martins Fontes, nº 109, 2º andar. Para se inscrever acesse http://www.mte.gov.br/delegacias/sp/forum201

O evento "Combate ao Trabalho Escravo em Minas Gerais - Perspectivas e Desafios", na terça-feira (26), às 10h, terá a sede do Ministério Público do Trabalho (MPT), em Belo Horizonte (MG), como palco. Mazelas do trabalho escravo no Estado serão debatidas. Na ocasião, será feito manifesto pela reestruturação das fiscalizações rurais na região Noroeste de Minas.

"Esta data tem importância singular, não apenas porque aqui ocorreram os assassinatos, mas também porque, desde a chacina, as fiscalizações trabalhistas no setor rural da região Noroeste do Estado sofreram abrupta queda, por falta de estrutura de segurança para viabilizar a atuação firme dos auditores fiscais do Trabalho", avaliam os procuradores Helder Amorim e Sônia Toledo. O auditório fica na Rua Bernardo Guimarães, 1615.

No dia 28, às 18h30, será realizado ato no Palácio do Governo, em Palmas (TO), com a presença do secretário estadual de Direitos Humanos, membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae-TO) e da Procuradoria da República (PR-TO). O ato marcará a retomada dos trabalhos da Coetrae. Será apresentado protocolo de intenções ao governo estadul, com medidas simbólicas e concretas no âmbito da educação, cidadania etc. Na ocasião, será exibido o filme "Frente de Trabalho", produzido pelo Sinait.

Em Belém (PA), ato político e cultural será realizado na Praça da República, no centro da cidade, em pleno domingo (31), para coletar assinaturas em favor da PEC 438/01. Haverá apresentações de artistas locais.

Fonte:

http://www.reporterbrasil.com.br/exibe.php?id=1696









Assessora de Dilma vai definir ações de comissão da verdade

Assessora de Dilma vai definir ações de comissão da verdade

por Marta Salomon
da Folha de S.Paulo

Erenice Guerra envolveu-se nas principais crises que atingiram ministra na Casa Civil

Vannuchi e responsável por direitos humanos sob FHC também integram o grupo que detalhará proposta de funcionamento da comissão

Principal assessora da ministra Dilma Rousseff, a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, foi nomeada ontem presidente do grupo de trabalho responsável por detalhar proposta de criação da polêmica comissão da verdade, que o governo deverá encaminhar ao Congresso até abril.

A portaria com os seis integrantes do grupo será publicada hoje no “Diário Oficial da União”. O cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, ex-secretário de Direitos Humanos no governo Fernando Henrique e coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, representa a sociedade civil. O ministro Paulo Vannuchi será o representante da Secretaria de Direitos Humanos. Ele, como Dilma, foi preso político durante a ditadura.

Erenice esteve envolvida nas principais polêmicas que atingiram Dilma na Casa Civil. Foi a secretária quem mandou confeccionar um dossiê revelando gastos da gestão FHC.

Ela também foi citada no caso em que a ex-secretária da Receita Lina Vieira falou sobre encontro que teve com Dilma (até hoje negado pela ministra) para supostamente tratar de investigação sobre a família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Uma servidora do fisco confirmou que Erenice agendou o encontro.

A comissão da verdade é um dos pontos mais polêmicos do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos. Editado pelo presidente Lula em dezembro, foi pivô de uma crise militar.

O presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, Marco Antônio Barbosa Rodrigues, que integra o grupo, afirmou que o “foco” da futura comissão são as violações cometidas contra vítimas da “repressão política”, expressão excluída do decreto editado pelo presidente neste mês.

O grupo criado ontem tem até abril para elaborar projeto de lei que terá de passar por votações no Congresso, mas o prazo pode ser prorrogado.

Ontem à noite, antes de discursar no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, o presidente Lula recebeu cobranças sobre a investigação de crimes ocorridos na ditadura (1964-1985). Diante de ginásio com mais de 5.000 pessoas, Cândido Grzybowski, um dos organizadores, cobrou a criação da comissão da verdade para “botar às claras a memória” do país.

Lula não respondeu diretamente às críticas. Disse apenas que as divergências surgidas na Conferência Nacional de Direitos Humanos resultaram em um “caminho do meio”.

Colaboraram GRACILIANO ROCHA , da Agência Folha, em Porto Alegre, e ANA FLOR , enviada especial a Porto Alegre.

Entidades defendem radicalização do fórum

Entidades defendem radicalização do fórum
Publicado em 26.01.2010

Para representantes da CUT e do MST que discursaram ontem, dia de abertura do evento, o Fórum Social Mundial deveria se tornar um movimento de massas contra o imperialismo e neoliberalismo

PORTO ALEGRE – Os principais movimentos sociais brasileiros defenderam ontem uma radicalização do Fórum Social Mundial (FSM). A proposta dividiu substancialmente o fórum, que funciona há dez anos apenas como espaço aberto de articulações das esquerdas mundiais. A CUT e o MST, co-fundadores do Fórum, estão alinhados a expressivas correntes de intelectuais e apoiados por partidos políticos, como o PT. A ideia é pressionar até transformar o FSM em um movimento mundial de massas, focado contra o neoliberalismo e o imperialismo. Parte relevante dos organizadores, no entanto, adianta que não permitirá a mudança.

“Nós avaliamos que corremos um sério risco de retrocesso da esquerda. Temos que pegar 10, 15 ideias das organizações e fechá-las. Ninguém aqui defende pegar em armas, mas se não fizermos grandes mobilizações de massa não haverá como enfrentar mais nada. Estamos numa fase da vida do fórum em que é preciso ser mais contundente”, disse João Felício, representante da CUT.

“Derrotamos a ideia do Estado mínimo, mas os capitalistas voltaram a usar o Estado para se rearticular. Vou comparar a um jogo de futebol: o FSM tem sido o vestiário, a concentração. O jogo se decide no campo e é lá que nós, os movimentos, estamos. Agora o fórum precisa nos ajudar mais, para não perdermos o jogo”, concordou João Pedro Stédile, do MST.

A proposta contraria o único consenso mundial do FSM, a Carta de Princípios, que diz que o fórum “não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial”. De acordo com Stédile, o FSM não pode ser “uma reunião de sabidos para cagar regras para os outros”.

Os dois líderes foram aplaudidos, mas nem todos concordaram com eles. “Para mim é o velho polvo da política velha da esquerda que fica embaixo da mesa o tempo todo. O FSM é mesmo um longo processo de educação política. O fórum defende uma política diferente dos partidos, das decisões centralizadas. Colocar uma perna a mais no fórum, como querem, é paralisá-lo, é acabar com ele”, reagiu Chico Whitaker, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, um dos fundadores do FSM.

A marcha de abertura do fórum, ontem à tarde, em Porto Alegre, reuniu diferentes tribos de participantes do evento: de sindicalistas a babalorixás, de travestis a feministas, de estudantes a políticos, que se concentraram na Largo Glênio Peres, ao lado da prefeitura, para caminharem até a Usina do Gasômetro. A PM estimou a presença de cinco mil pessoas. Um carro alegórico, com figuras mascaradas dançando à frente no chão, encenava a agressão ao meio ambiente.


Fonte:

Jornal do Commércio

Violência contra mulher ganha reforço

Violência contra mulher ganha reforço
Publicado em 26.01.2010

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) inaugurou na manhã de ontem, na Boa Vista, o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. No prédio, na Rua Dom Manoel Pereira, 170, Centro do Recife, vão funcionar duas varas específicas para casos previstos pela Lei Maria da Penha. O juizado oferecerá ainda atendimento multidisciplinar com psicólogos e assistentes sociais para acompanhar famílias em conflito.

Segundo o presidente do TJPE, desembargador Jones Figueiredo, a punição a ameaça e lesões corporais (maioria das ocorrências levadas ao juizado) serve como prevenção a crimes mais graves.

“O juizado faz uma profilaxia criminal na medida que, ao não deixar impunes casos considerados mais simples, inibe a evolução dos casos para delitos graves”, ressaltou o magistrado.

A secretária-especial da Mulher, Cristina Buarque, destacou a proximidade entre o juizado e outros de referência para as mulheres vítimas de violência. “Temos o juizado, a delegacia e a casa de apoio da prefeitura, todos quase vizinhos para facilitar o acesso à assistência”, afirmou.

A juíza titular da 1ª Vara, Maria Thereza Machado, defendeu a atuação integrada. “Agora, funcionaremos como um núcleo. Além do juiz, teremos a Defensoria Pública, o Ministério Público e uma equipe de atendimento multidisciplinar”, atestou.

Em 2008, o juizado registrou 1.807 procedimentos. No ano passado, esse número subiu para 4.687. “Duas varas na capital ainda são insuficientes. Na Região Metropolitana e no interior a situação ainda é pior. Contudo, é importante reconhecer que o Estado tem avançado no compromisso de defender os direitos das mulheres”, avaliou Joana Santos, do Fórum de Mulheres.

O presidente do TJPE, Jones Figueiredo, garantiu que novos juizados serão criados no Grande Recife com competências expandidas. “A Assembleia Legislativa já aprovou juizados em Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Igarassu e Camaragibe. Pelo menos dois estarão funcionando até junho. A ideia é que essas unidades possam atender mais de um município para cobrirmos toda a região metropolitana”, comentou Jones Figueiredo.


Fonte:

Jornal do Commércio

Direitos Humanos e pobreza

Direitos Humanos e pobreza

O Relatório Direitos Humanos, no Brasil em 2009 e 2010, compila 26 investigações, desenvolvidas por pesquisadores nacionais de diversas áreas e instituições, e algumas delas provam que as políticas públicas não resolveram o problema estrutural de direitos humanos e da pobreza. Vale acrescentar que o Relatório tenta ampliar a compreensão sobre direitos humanos, perpassando por problemas como fome e habitação. A ideia é mudar a compreensão que as pessoas têm sobre os seus direitos, que são direitos básicos, do cotidiano delas. O documento faz um balanço sobre os direitos humanos no Brasil, nos últimos dez anos, tempo de atuação da Rede Social com o tema. Além de apresentar o balanço de 2009, o texto traz análises conceituais e históricas sobre direitos humanos e amplia o panorama que se tinha sobre a questão. O documento estar disponível em: http://www.social.org.br/. Quanto à pobreza, acrescente-se que há menos pobres no Brasil, pois uma série de fatores ajudaram a estes índices favoráveis na última década em relação a melhores condições de vida para os mais pobres no Brasil. A continuidade da estabilidade monetária, a queda da taxa de natalidade dos mais pobres também foi uma das causas do aumento da renda entre eles. Porém, especialistas posicionam-se contrários à desregulamentação do mercado de trabalho em um País desigual como nosso. Defendem, como um dos pontos importantes para diminuir a concentração de renda, uma reforma tributária que teria um grande alcance social. O saldo positivo, para eles, na Constituição de 1988, é que a onda neoliberal não conseguiu acabar com os avanços sociais democratas conquistados pela população brasileira, através do jogo democrático da organização da sociedade. Uma alta, nos investimentos públicos foi um dos pontos

Fonte:

FOLHA DE Pernambuco

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Violência afeta mais os homens

Violência afeta mais os homens

BRASÍLIA (ABr) - A pesquisa Juventude e Políticas Sociais no Brasil, lançada esta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta para um problema antigo, mas que ainda faz parte do cotidiano dessa população. Os jovens continuam a morrer principalmente por causa externas - homicídios e acidentes de trânsito. E as principais vítimas são os homens.

Segundo o Ipea, entre 2003 e 2005, a taxa de mortalidade média de jovens de 20 a 24 anos foi de 261,8 por cada 100 mil habitantes no caso dos homens. Para as mulheres, o mesmo índice foi de 58,4 por 100 mil habitantes. O estudo aponta que “a explicação para tal fenômeno está na violência, que ocasiona uma sobremortalidade dos adolescentes e adultos jovens do sexo masculino, fazendo que este período seja considerado de alto risco”.

A socióloga e especialista em juventude, Miriam Abromovay, destaca que o número de meninas envolvidas em conflitos tem aumentado, ainda que não apareça nos dados estatísticos. “Chama atenção o números de mulheres jovens que estão sofrendo mais por causas externas. Elas estão participando mais e sendo vítimas”, afirmou.

Entre 2003 e 2005, morreram em média cerca de 60 mil jovens do sexo masculino por ano. Quase 80% destas mortes foram por causas externas, majoritariamente associadas a homicídios e acidentes de trânsito. Já entre as meninas, foram em média 15 mil mortes anuais, 35% delas relacionadas às causas externas.

Para Miriam, o principal motivo do fracasso das políticas públicas de segurança para jovens é que elas não se concentram na prevenção, mas na repressão. “Ainda não existe no Brasil uma política preventiva que veja e escute esses jovens, que trabalhe com o interesse deles. Por mais que os governos se esforcem, isso ainda não é realidade”, afirmou.

Fonte:

Folha de Pernambuco

Bairro realiza 1ª Parada da Diversidade

Bairro realiza 1ª Parada da Diversidade
JOSÉ ACCIOLY

Cerca de cinco mil pessoas compareceram a 1ª Parada da Diversidade de Santo Amaro, realizado ontem, no bairro da Zona Norte. O evento, semelhante ao ocorrido no bairro de Dois Unidos, no ano passado, levantou o debate contra a violência sofrida pelo movimento LGBT. O tema deste ano foi “Respeitando as diferenças”, numa alusão a luta do grupo. Para derrubar o preconceito, os adeptos passaram a maquiagem, vestiram as fantasias e ganharam as ruas do bairro, num percurso de quase três quilômetros, saindo da rua Frei Cassimiro, no coração do bairro. Para animar os participantes, quatro trios elétricos entoavam os principais hits gay, como “I will survive”, “Can’t take my eyes off you” e “It’s raining men”, dando um tom completamente “cor de rosa” a festa.

“A festa vem para lutar contra um preconceito que ainda existe na sociedade, sobretudo neste bairro, onde residem muitos homossexuais e que são vítimas de violência, seja verbal ou física”, explicou um dos coordenadores do evento, Ricardo José Santos. A ideia, na edição do próximo ano, é ter concursos. “Vamos analisar a possibilidade de aumentar o percurso e criar alguns outros atrativos”, refletiu a coordenadora Agricelia Guimarães.

Pelas ruas, não faltou gente para esbanjar animação, a exemplo da drag queen Lady Diana, que nos dias de folgas se traveste de auxiliar de lavanderia José Carlos Silveira, de 53 anos. “Acompanho as paradas no Recife desde o início. Essas festas ajudam o povo aceitar a ideia. Qualquer pessoa é livre para escolher sua sexualidade”, deu o recado.

Já o cabeleireiro Márcio Cavalcante, 37 anos, reuniu-se com amigos para comemorar. “Assumi minha opção desde meus 15 anos. A festa serve para unir o movimento, que é fragmentado na cidade”, disse. Mas a festa não só havia “curiosos”, a exemplo do casal de universitários Mayara Tenório, 21, e Henrique Oliveira. Eles aproveitaram a animação para curtir a folia. “A parada parece uma prévia. Já que não fomos para Olinda, a curtição ficou por aqui”, revelou o jovem.

Fonte:

Folha de Pernambuco

Iniciativa visa, principalmente, combater crimes domésticos contra mulheres

Iniciativa visa, principalmente, combater crimes domésticos contra mulheres
JÚLIA VERAS


Na manhã de ontem, dezenas de pessoas se reuniram para participar da campanha “Basta de Violência Contra a Mulher”, em Jaboatão dos Guararapes. Os agentes da Secretaria Especial da Mulher do município passaram da ação distribuindo panfletos e fazendo um um processo de sensibilização com os frequentadores de três praias da cidade, nas proximidades da Igrejinha de Piedade, Candeias e em Barra de Jangada. Segundo a secretária da mulher do município, Ana Selma dos Santos, Jaboatão é a segunda cidade do Estado em números de violência doméstica. Segundo a secretária, em 2009, 29 mulheres foram assassinadas no município, sendo que, deste total, cerca de 13% dos casos são acusados de violência doméstica.

A ação foi realizada em parceria entre o governo estadual e municipal. “É o segundo ano que a gente realiza a campanha e faz a conscientizaçao das pessoas nas três praias de Jaboatão. É muito importante porque ajuda a reforçar que a violência contra a mulher é crime. A secretaria está sendo célere em pedir a rapidez na investigação dos casos para que o agressor seja punido. Durante esse mesmo período, registramos a realização de mais de 1.400 Boletins de Ocorrência (BOs) e mais de 20 medidas protetivas. Esse ano, também instituímos medidas como a implantação de um serviço de abrigamento e uma delegacia de plantão. Em 2010 vamos implantar o serviço de atendimento à mulher vitimizada”, disse a secretária municipal.




TJPE

Será instalado, hoje, no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) o 2° Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher na Capital. O presidente do TJPE, Jones Figueiredo, irá inaugurar a nova sede do primeiro juizado, que antes funcionava na rua da Glória, na Boa Vista, que passa a funcionar na rua Dom Manuel Pereira, em Santo Amaro. A partir de agora, o juizado funcionará como núcleo, composto por defensoria, Ministério Público e equipe interdisciplinar, com quatro psicólogos e quatro assistentes sociais. Cerca de seis mil ações tramitam no primeiro juizado. Mais de 350 ações tramitam por mês. Com o novo juizado, o TJPE pretende dar celeridade aos processos.

Fonte:

Folha de Pernambuco

Sem documentação, 82 ONGs perdem registro

Sem documentação, 82 ONGs perdem registro
Publicado em 25.01.2010

Oitenta e duas organizações não governamentais (ONGs), que trabalham com projetos de assistência a crianças e adolescentes no Recife, tiveram os registros cancelados por não apresentarem documentação durante recadastramento no fim do ano passado. O Conselho Municipal de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica), ligado administrativamente à Prefeitura do Recife, informou que realizou inspeção em todas as entidades que enviaram a documentação para comprovar se os dados, a exemplo dos endereços fornecidos, eram verdadeiros. A lista com o nome das ONGs foi publicada no Diário Oficial do município na semana passada.

Na prática, as entidades que tiveram os contratos cancelados não podem mais receber recursos públicos. Só depois de procurar o Comdica e regularizar a situação, é que podem voltar a desenvolver novos projetos. A secretária de Direitos Humanos da Prefeitura do Recife, Amparo Araújo, explicou que o próprio Comdica é quem gerencia o fundo, repassando os recursos para as entidades cadastradas.

“As ONGs precisam seguir o que manda a legislação. Agora, existe uma lei federal. Para receber recursos públicos, é preciso comprovar, por exemplo, que tem sede, que não se encontra inadimplente e uma série de outros pontos”, explicou Amparo Araújo.

SERVIÇO

O conselheiro do Comdica e diretor do voluntariado da Secretaria de Direitos Humanos, Luiz de Angelis, informou que, mesmo com o corte, a rede de assistência municipal não vai sofrer prejuízos. De acordo com ele, os projetos vão ser tocados pelas outras 200 entidades que estão regularizadas.

“É importante salientar que mandamos correspondências do tipo AR (com aviso de recebimento) alertando sobre o recadastramento para todas as entidades. Chegamos a prorrogar o prazo a pedido das próprias ONGs. Todas elas tiveram três meses para apresentar a documentação. Tivemos todo cuidado do mundo”, declarou Luiz de Angelis.

Segundo ele, representantes do Comdica passaram os meses de outubro, novembro e dezembro do ano passado visitando as instituições que mandaram a documentação.

Fonte:

Jornal do Commércio

Fórum Social volta ao berço na 10ª edição

Fórum Social volta ao berço na 10ª edição
Publicado em 25.01.2010

Após ser realizado, nos últimos anos, em outras cidades do País e do mundo, o evento retorna a Porto Alegre, onde nasceu. Ao longo da semana, participantes deverão discutir sobre rumo do fórum

PORTO ALEGRE – Dez anos depois de lançado, o Fórum Social Mundial (FSM) volta hoje ao seu berço, em Porto Alegre, para uma edição compacta, mas toda programada para se tornar um tipo de divã das esquerdas no mundo. Em plena crise de identidade, o fórum vai refletir, ao longo de toda a semana, como será sua atuação mundial a partir de agora. Pelo menos quatro vertentes dividem as personalidades históricas: se manter como espaço mundial de ideias avessas ao neoliberalismo, ganhar pernas de ação mais efetivas, se transformar em uma internacional dos movimentos sociais, ou, até mesmo, basear uma 5ª Internacional Socialista, admitindo os partidos de esquerda, que frequentam, patrocinam, mas não têm poder de decisão no FSM.

“Vamos nos voltar um pouco mais para o próprio umbigo, mirando o futuro. Afinal, o FSM é uma grande articulação da sociedade civil internacional, que tenciona por um outro modelo mais focado no social”, disse o educador Sérgio Haddad, um dos fundadores do fórum.

O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará dessa análise amanhã à noite, em um evento especial, no Gigantinho, onde deve fazer uma avaliação de seus 10 anos de FSM, quase oito no poder. A ideia é fazer um balanço de seus feitos aos movimentos sociais, que têm criticado alguns setores do governo. A previsão é que Lula participe com a ministra Dilma Rousseff, pré-candidata à Presidência. Neste ano, Lula estabeleceu condições: o encontro com os outros presidentes latinos deve ocorrer apenas na edição do FSM que tem início sexta-feira, em Salvador.

O presidente não quer repetir o constrangimento da edição de Belém, em 2009, quando o MST o excluiu de uma programação com outros chefes de Estado. Além disso, a edição de Salvador está sendo patrocinada pelo governo Jaques Wagner (PT) e pelo governo federal, fechados com as centrais sindicais, numa espécie de versão autorizada do evento.

Assim, Lula desembarca no fórum em Salvador, entre os dias 30 e 31, para receber os chefes de Estado. Dilma deve ter mais agendas nas duas edições. Em Porto Alegre, a pré-candidata do PV, senadora Marina Silva, terá espaços privilegiados.

O trabalho do governo Lula e do PT dentro do FSM segue no sentido de investir em uma das linhas da “terapia” do FSM. O PT e seus aliados, auxiliados pelos movimentos sindicais, querem que o fórum deixe de ser “purista” e permita sua participação efetiva em todo o processo, inclusive nas decisões.

Outros dois governos que pressionam são o de Hugo Chávez (Venezuela), que defende a criação da 5ª Internacional dos partidos, ao lado da organização Fórum Mundial das Alternativas, e ainda o de Evo Morales (Bolívia), que tenta montar uma internacional única dos movimentos sociais, sob a grife do FSM.

O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos apresentará uma proposta que exclui os partidos do mando e amplia a projeção dos movimentos.

Boaventura disse que o FSM poderia ter duas pernas: se manter como processo e espaço aberto da sociedade civil e firmar uma voz sobre os grandes problemas do mundo.

“Seria um pensamento que pudesse ser apresentado como o do FSM, mesmo que não fosse único”, explica.

Ontem, já era possível ver em cidades gaúchas como Porto Alegre e Novo Hamburgo inúmeras barracas montadas por jovens brasileiros e de outros países, que participarão do fórum nos próximos dias.

Fonte:

Jornal do Commércio

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Um ano sem Manoel Mattos

Um ano sem Manoel Mattos

Hoje completa-se um ano do assassinato do advogado pernambucano e militante do Movimento Nacional dos Direitos Humanos Manoel Mattos, assassinado na Paraíba por denunciar incansavelmente a ação de grupos de extermínio na Zona da Mata Norte. Poucas mortes neste Estado foram tão anunciadas quanto esta. Mattos passou por inúmeras ameaças e atentados contra a sua vida, chegou a receber escolta policial, que não durou muito. O descaso por parte do poder público com relação ao risco que ele corria antes de ser emboscado, parece ser o mesmo que se dedica às apurações sobre o seu caso. Somente há duas semanas começaram - e já foram interrompidas - as oitivas das testemunhas de acusação. O pedido de federalização das investigações, medida óbvia para garantir a isenção, visto que as denúncias do advogado envolviam policiais dos dois estados, encontra-se parado nas raias da Justiça desde de novembro. A secretaria de Defesa Social da Paraíba admite a existência dos grupos de extermínio, mas a Procuradoria-Geral nega de pés juntos. Enquanto isso, a mãe de Manoel Mattos, dona Nair Ávilla, passou a ser o alvo de ameaças e perseguições, como se fosse herdeira de um espólio macabro.
Fonte:
Folha de Pernambuco

Educação em risco

Educação em risco

A crise econômica mundial pode afetar os avanços da educação no mundo. Isso é o que afirma o Relatório de Moni¬toramento de Educação para Todos 2010, intitulado “Alcançando os Marginalizados”, publicado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). De acordo com o relatório, milhões de crianças de países pobres correm o risco de não terem acesso à educação por conta da crise financeira. Isso porque a desaceleração do crescimento econômico, juntamente com o aumento da pobreza e das pressões que exercem sobre os orçamentos dos países, pode diminuir ou anular os avanços em educação alcançados na década passada. Vale dizer que, enquanto os países ricos já estão criando as condições necessárias para sua recuperação econômica, muitos países pobres enfrentam a perspectiva imediata de uma recessão de seus sistemas educativos. Segundo o Relatório, em comparação com os anos 90, a educação na última década conseguiu grandes avanços. Exemplo disso é que, desde 1999, o número de crianças fora da escola em todo o mundo diminuiu em 33 milhões, ao mesmo tempo em que houve um aumento no número de pessoas que conseguiram terminar os estudos primários. Apesar dos avanços, muitos países ainda estão longe de alcançar a meta “Educação Básica de Qualidade para Todos”, dos oito Objetivos de Desen¬volvimento do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU), estabelecidas em 2000 por vários países. De acordo com o estudo, ainda há 72 milhões de crianças e 71 milhões de adolescentes em idade escolar sem frequentar a escola. A disparidade entre meninos e meninas também segue preocupante. Segundo o Relatório, as meninas representam 54% do total das crianças que não frequentam a escola. Torna-se necessário que os países ricos que aumentem a ajuda aos países mais pobres e que os governantes se dediquem mais à luta contra as desigualdades e que promovam mais políticas de educação.
Fonte:
Folha de Pernambuco

Uma escola só para gays

Uma escola só para gays
Ensino/ Instituição terá cursos para lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros
Rodrigo Couto
rodrigocouto.df@dabr.com.br

Brasília - Líder mundial em crimes de natureza homofóbica - quase 3 mil (2.998) assassinatos desde 1980, sendo 190 somente em 2008 (veja quadro) -, o Brasil se prepara para receber, em março de 2010, a primeira escola de cursos técnicos destinada especificamente a lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTTT).

Um dos objetivos do estabelecimento, que vai funcionar em Campinas (SP), é combater a homofobia e pautar a discussão sobre a temática da população homossexual, que, geralmente, não consta nos currículos das instituições tradicionais. Apesar de aprovarem a iniciativa, integrantes do grupo Klaus - único grupo universitário de apoio à diversidade sexual no Distrito Federal - alertam que o local não deve limitar o futuro profissional desse público. Pelo contrário, deve ser o ponto de partida. "As pessoas vinculam muito nossa opção às profissões de cabeleireiro e design de moda. Sem desmerecer essas atividades, somos capazes de fazer outras coisas", afirma Douglas Gomes, 23 anos, estudante de serviço social da Universidade de Brasília (UnB) e um dos coordenadores do Klaus.

Além da visibilidade à cultura gay, a Escola Jovem LGBTTT pretende ajudar os jovens a se aceitar. "A importância do projeto é divulgar a cultura LGBTTT. Os grandes movimentos sociais têm como estratégia valorizar suas manifestações, assim como os movimentos negro e feminista. Só vamos poder construir uma identidade e possuir um senso de pertencimento a uma comunidade valorizando a nossa própria cultura, desprezada por vários setores da mídia e outros setores retrógrados e fundamentalistas da sociedade", explica o diretor da instituição, Deco Ribeiro, que também coordena a E-Jovem, organização não governamental que compõe uma rede nacional de juventude gay, presente em 20 cidades das cinco regiões do país.

Prioritariamente, serão matriculados jovens entre 12 e 20 anos. Se houver vagas, pessoas de outras opções sexuais (heterossexuais) e faixas etárias poderão participar.Estarão disponíveis aulas de expressão gráfica, cênica e artística, além de um curso para formação de drag queens. "A grade curricular engloba aulas de música, cinema, dança, teatro, webTV, além de criação de revistas, livros, CDs e DVDs", observa Ribeiro. A escola vai oferecer bolsas de estudo a jovens residentes fora de Campinas.

Apesar de a escola permitir matrículas ao público heterossexual, o sociólogo e coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, acha difícil outros públicos frequentarem a instituição. "É possível, mas o preconceito é grande", observa. Na avaliação dele, a criação da escola é importante para chamar atenção para as dificuldades enfrentadas pelo público LGBTTT nos estabelecimentos tradicionais. "Porém, em termos educacionais, é melhor ter escolas inclusivas, que reunam todos os públicos, mesmo sabendo que o machismo e o sexismo são alarmantes", pondera.

Fonte:

DIÁRIO DE PERNAMBUCO - 24.01.2010

ONU tenta controlar adoções

ONU tenta controlar adoções
Publicado em 24.01.2010

PORTO PRÍNCIPE – Famílias estrangeiras que desejam adotar crianças haitianas não poderão deixar o país com elas sem documentos assinados pelo primeiro-ministro do Haiti e pelas Nações Unidas, afirmou ontem um representante da ONU em Porto Príncipe.
Desde o terremoto do dia 12 de janeiro, casais estrangeiros na fila para adotar crianças haitianas fazem pressão para que os trâmites dos processos sejam agilizados, numa tentativa de tirar os órfãos da devastada Porto Príncipe o mais rápido possível. Organismos de proteção da infância, no entanto, pedem cautela, temendo a ação de quadrilhas de tráfico de crianças.
“Posso confirmar que há casos de tráfico de crianças e de crianças que desaparecem”, afirmou ontem Jacques Boyer, diretor adjunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Juventude (Unicef), que está na sede da entidade em Porto Príncipe.
“Não posso confirmar números. Há casos de crianças levadas dos hospitais sem os documentos assinados”, acrescentou.
Na sexta-feira, Jean-Luc Legrand, conselheiro regional da Unicef, denunciou que 15 crianças haviam desaparecido de um hospital depois do terremoto, e alertou para a atuação de redes de tráfico ligadas ao “mercado da adoção” após catástrofes como a de Porto Príncipe.
“Todos as crianças que deixarem o país precisam ter os papéis da adoção assinados pelo primeiro-ministro”, declarou Jacqes Boyer, destacando que as adoções também precisam ser aprovadas pela Unicef.
CELEBRIDADES
O ator americano George Clooney comandou na noite de sexta-feira uma maratona de shows com mais de 100 celebridades americanas para ajudar as vítimas do terremoto no Haiti, transmitida ao vivo por vários canais de TV dos Estados Unidos.
Organizada pelo canal MTV, a maratona reuniu cerca de 130 personalidades, como Bruce Springsteen, Stevie Wonder, Wyclef Jean, Beyoncé, Jay-Z ou Bono Vox.
Imagens trágicas e emocionantes da ilha devastada foram divulgadas entre os shows. Dezenas de pessoas, entre as quais várias celebridades, atenderam as ligações telefônicas dos telespectadores que queriam fazer doações.
“A tragédia do Haiti transcende as fronteiras”, declarou George Clooney no início do programa. “O povo haitiano precisa de sua ajuda. Eles precisam saber que não estão sozinhos”, acrescentou.

Fonte:

Jornal do Commércio

Uruguaio é entregue a autoridades argentinas

Uruguaio é entregue a autoridades argentinas
Publicado em 24.01.2010
O major reformado Manuel Cordero, 71 anos, foi extraditado ontem para a Argentina após passar por exames médicos. No país vizinho, ele será julgado por crimes cometidos durante a ditadura

PORTO ALEGRE – O major reformado uruguaio Manuel Cordero, 71 anos, foi entregue às autoridades argentinas por volta do meio-dia de ontem. Ele recebeu autorização médica para ser transportado depois de ser submetido a exames médicos em Santana do Livramento (RS), onde estava internado.
De manhã, Cordero foi levado para Uruguaiana, na fronteira com a Argentina, onde passou por um novo exame antes de seguir para Buenos Aires. A viagem até Uruguaiana foi realizada em uma UTI móvel escoltada pela Polícia Federal (PF).
A extradição de Cordero foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto de 2009, mas sua transferência estava suspensa por razões médicas. Na última terça-feira, o processo foi reativado e, ao ser detido pela PF em Santana do Livramento – onde vivia desde 2004 – ele teve de ser hospitalizado ao relatar problemas cardíacos.
O militar reformado é acusado de crimes cometidos durante a última ditadura da Argentina (1976-1983), como oficial ativo da Operação Condor, aliança das ditaduras sul-americanas para eliminar opositores de esquerda.
Ele é suspeito de sequestrar um bebê com 20 dias de vida, filho de uma militante detida ilegalmente durante a ditadura. Também é acusado de participação no desaparecimento de 11 esquerdistas em 1976.
Segundo o advogado Julio Martin Favero, que defende Cordero desde o início do processo de extradição, peritos da Justiça Federal realizaram apenas um exame médico visual para liberar a viagem, sem avaliações detalhadas do estado de saúde do uruguaio.
“A autorização do STF foi um ato político, não jurídico, que gerou sérias repercussões à saúde do major”, diz Favero.
Ele ainda reclama que o Brasil não exigiu da Argentina o comprometimento de não condenar o militar da reserva à prisão perpétua, conforme regras de acordos de extradição.

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Jornal do Commércio

Umbanda e candomblé reclamam de preconceito

Umbanda e candomblé reclamam de preconceito
Publicado em 24.01.2010
Lucas de Abreu Maia
Agência Estado
SÃO PAULO – Para representantes da umbanda e do candomblé, a decisão da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de protelar o anúncio do Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa é parte de uma tradicional marginalização das religiões afro-brasileiras. “Somos sempre a parte mais fraca de todas as raças, de todas as religiões. Estamos sempre à margem”, protestou o presidente do Superior Órgão de Umbanda do Estado de São Paulo (Souesp), Milton Aguirri. O plano, que deveria ter sido anunciado ontem, legalizaria os imóveis em que funcionam terreiros de umbanda e candomblé , além de prever o tombamento de templos dessas religiões.
Para Muniz Sodré, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, a derrota política indica a pouca representação da umbanda e do candomblé. “Os cultos afro-brasileiros jamais participaram do jogo de poder. Não têm bancada parlamentar, não têm lóbi de pressão, não têm representantes na sociedade civil”, disse.
O presidente da Federação Umbandista do Grande ABC, Ronaldo Linaris, encarou a suspensão do anúncio do plano como “violência à Constituição”. “Fala-se tanto em isonomia, em igualdade, mas onde está essa igualdade se estamos sendo preteridos para não melindrar evangélicos?”, , indagou, ressaltando o tamanho da população umbandista no Brasil. “E nós votamos, o governo não deveria se esquecer disso.”
Representantes de igrejas evangélicas defendem a tese de que o governo não deveria se preocupar em legalizar os terreiros neste momento. “Em ano de eleição, mexer em questões religiosas só serve para constranger todas as partes”, disse o bispo Manoel Ferreira, presidente da Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil (Conamad). Ele afirmou, contudo, ser favorável ao plano. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que não vai se manifestar sobre o projeto.

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Jornal do Commércio

Adiamento de plano recebe mais críticas - Representantes de crenças afro-brasileiras também se queixam da decisão da ministra

Adiamento de plano recebe mais críticas
Publicado em 24.01.2010
Representantes de crenças afro-brasileiras também se queixam da decisão da ministra Dilma Rousseff de postergar documento em ano eleitoral

Wilson Tosta
Agência Estado
RIO – O Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa, cujo lançamento foi adiado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para evitar problemas com católicos e evangélicos no ano eleitoral de 2010, também não agradou a adeptos das religiões afro-brasileiras.
“Você dá concessões de rádio e televisão para os neopentecostais e me dá cesta básica e mapeamento? Eles vão usar o rádio e TV para me atacar, me chamar de demônio. Isso é desigual”, reagiu Ivanir dos Santos, integrante da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro. Para ele, o adiamento do anúncio também aconteceu devido à recepção fria que o plano teve dos credos que supostamente seriam beneficiados. “Não queremos um plano que só fale em assistência, queremos um plano que nos dê poder”, afirmou ele. Santos, que teve acesso ao plano e chegou a ser convidado para ir a Brasília participar do seu lançamento, cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a realização de uma reunião da comissão com ministros para discutir a proposta.
O encontro, afirmou, foi prometido por Lula aos ativistas em 20 de novembro de 2008, Dia Nacional da Consciência Negra, mas ainda não aconteceu. “Pergunta o que tem no Orçamento da União para implantar a Lei 10.639/203, que ordena o ensino de história da África nas escolas: nada. Quem mais se opõe a isso são os neopentecostais, dizendo que vão ensinar macumba nas escolas”, disse ele. Outra lei de cumprimento adiado é a 11.645, sobre o ensino de cultura indígena.
“O plano é importante, e é necessário que seja lançado”, defendeu. “O que me chamou a atenção foi a reação de um setor neopentecostal, com um pastor dizendo que o governo não deveria se meter no assunto. Esses segmentos têm concessões públicas de rádio e televisão. Às vezes, igrejas recebem terrenos públicos para se instalarem. Têm também hospitais com convênios com o SUS, que recebem verbas públicas. Acabaram de aprovar uma lei para transformar o gospel em questão cultural, para ter incentivos fiscais da Lei Rouanet.”
Representantes da comissão e de órgãos que atuam no setor, como Ministério Público e Polícia Civil, participaram na quinta-feira do lançamento de um dossiê, preparado pelos antropólogos Ana Paula Miranda e Fábio Reis Mota, da Universidade Federal Fluminense (UFF), sobre 17 casos de intolerância no Rio em 2008 e 2009.
Reis reconheceu que o número, levantado a partir de inquéritos e processos, é pequeno, mas destacou que há um alto grau de subnotificação. Os episódios foram classificados em cinco tipos: agressão de vizinho, de familiar, no âmbito de culto neopentecostal, discriminação em casa e em espaços públicos. Em geral, há alguma relação de proximidade entre agressor e agredido antes da agressão. Vítimas e autores, em sua maioria, têm de 20 a 40 anos e se declaram brancos. Pretos e pardos são minoria.
A comissão lançou nota lamentando o adiamento. “Já que o Estado é laico, nada mais comum e natural que o tratamento dispensado a todas as religiões seja igualitário”, diz o texto, que também cobrou a reunião prometida pelo presidente.


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Jornal do Commércio

Mobilização em favor do Plano de Direitos Humanos

Mobilização em favor do Plano de Direitos Humanos
Entidades pernambucanas criaram comitê para buscar apoio à proposta junto aos políticos
Jailson da Paz


A polêmica em torno da terceira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH), que inclui a revisão da Lei da Anistia, a defesa da descriminalização do aborto e da união civil homossexual, levou as entidades pernambucanas ligadas ao assunto a se mobilizarem politicamente.


Depois de criarem um comitê de apoio ao plano, o primeiro do país, começaram um trabalho de convencimento junto aos políticos. Os alvos são os deputados federais e senadores, responsáveis pela aprovação do documento no Congresso Nacional, o governador Eduardo Campos (PSB) e os prefeitos. A princípio, busca-se o apoio dos executivos municipais do Recife, Jaboatão dos Guararapes e Olinda. Mas a proposta é ampliar as negociações para prefeitos de outras cidades.

O comitê decidiu acelerar o passo. E já solicitou, na semana passada, audiências com integrantes da bancada federal pernambucana, composta por 25 deputados e dois senadores. A intenção do comitê é se reunir separadamente com cada um dos parlamentares "Queremos mostrar que o plano, ao contrário do que alguns dizem, não é coisa de um partido ou grupo. É uma questão suprapartidária", alegou Cláudio Carraly, secretário de Direitos Humanos e Segurança Cidadã de Jaboatão dos Guararapes. Carraly atua numa prefeitura comandada pelo PSDB, mas há membros do comitê ligados a outras legendas, como PT, PSOL e PSB.

A mobilização no estado, avisam os integrantes do comitê, será permanente. Seja para conseguir apoio para aprovação do PNDH no Congresso, seja para adesão dos municípios e do estado ao projeto. "O plano não é autoaplicável. Para que entre em vigor, é preciso aderir e depois passar pelo crivo das Câmaras Municipais e da Assembleia Legislativa", explicou Amparo Araújo. Militante histórica da área, Amparo comanda a Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã do Recife, além de integrar o grupo responsável por marcar e participar das audiências com os prefeitos do Recife, João da Costa (PT), de Olinda, Renildo Calheiros (PCdoB), e de Jaboatão,Elias Gomes (PSDB), cujas datas estão sendo negociadas.

Um dos apoios dados como certo é o de Eduardo Campos. "O tema dos direitos humanos é tratado de maneira transversal pelas secretarias e conta com o apoio e a compreensão ideológica do governo", disse o secretário executivo de Justiça e Direitos Humanos do estado, Rodrigo Peregrino. O encontro do comitê com o socialista, segundo ele, já foi solicitado e deve ocorrer nesta semana. O comitê quer mais. Os integrantes pretendem obter o apoio dos principais candidatos à Presidência da República para que, caso sejam eleitos, implementem as propostas do PNDH.

Embora as articulações para as audiências com o Executivo e o Legislativo estejam sendo feitas, em parte, por representantes dos governos, o comitê tem composição mais ampla. O comitê, já copiado em São Paulo e no Rio de Janeiro, reúne cerca de 70 instituições da sociedade civil. E envolve movimentos como os de mulheres, negros, estudantes, homossexuais e portadores de deficiência. Os grupos decidiram se mobilizar pelo plano, publicado por decreto do presidente Lula, por terem participado das discussões em conferências municipais, estadual e nacional.

Fonte:

http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/01/24/politica3_0.asp