quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

General nega discriminação de gays

General nega discriminação de gays
Publicado em 11.02.2010

Com sua indicação ao STM ameaçada, Raymundo Nonato de Cerqueira Filho enviou ontem carta ao Senado dizendo respeitar dignidade de homossexuais

BRASÍLIA – Na tentativa de garantir a sua indicação para o Superior Tribunal Militar (STM) pelo Senado, o general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho encaminhou ontem carta aos parlamentares para negar que tenha agido de forma discriminatória ao condenar o ingresso de homossexuais nas Forças Armadas. Na carta, o general afirma que não teve a intenção de discriminar ou ferir a dignidade dos militares gays.

“Fui bem claro nas minhas afirmações, que, em momento algum, contrariaram a Constituição. Durante todos esses anos de serviço, nunca persegui, discriminei, puni ou julguei qualquer militar por ter se declarado homossexual ou mesmo por estar envolvido na prática de homossexualismo”, afirma.

Na carta, o general diz que sua opinião manifestada durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado foi puramente uma questão de aptidão ou perfil para a atividade. “O meu posicionamento não tem força de lei, pois cabe ao Ministério da Defesa, juntamente com as Três Forças, estudar e, se for o caso, propor um projeto de lei que permita o ingresso de homossexuais nas Forças Armadas e, ao Congresso Nacional, a sua aprovação”, afirmou.

A carta do general foi encaminhada ao senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), relator da sua indicação para o STM na Casa. O tucano leu trechos da carta do general no plenário do Senado. Na opinião de Azeredo, o general não pode ser punido por suas declarações.

“Ele confirma na carta o seu respeito à Constituição e aos direitos humanos daqueles que tenham qualquer tipo de opção sexual. Recebi a carta na condição de relator da sua indicação para o STM. O general tem ampla folha de serviços prestados ao País nos mais de 40 anos que liderou militares”, disse o senador.

Cerqueira Filho corre o risco de ter a indicação para o tribunal barrada pelo plenário do Senado em consequência das declarações prestadas na sabatina na CCJ, há duas semanas. A comissão aprovou sua indicação por unanimidade, mas a decisão tem que ser referendada pelo plenário para que Cerqueira Filho passe a integrar o STM.

Na ocasião, o general afirmou que o indivíduo homossexual “não consegue comandar uma tropa por não ter características de comando sobre os demais militares. O indivíduo não consegue comandar o comando em combate, tem uma série de atributos e fatalmente a tropa não vai obedecer”, afirmou.
Fonte:
Jornal do Commércio

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