terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

De Boer renuncia à cargo na ONU

De Boer renuncia à cargo na ONU
Publicado em 19.02.2010

O secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática, o holandês Yvo de Boer, renunciou à função e deixará o cargo no dia 1º de julho, quando começará a trabalhar no setor privado. Ele estava no cargo desde setembro de 2006. O anúncio aconteceu dois meses após a Conferência do Clima em Copenhague, considerada um fracasso por muitos participantes.
Fonte:
Jornal do Commércio

Assassinatos caem 7% no Carnaval

Assassinatos caem 7% no Carnaval
Balanço da SDS contabilizou 77 homicídios contra 83 do ano passado
ALEXANDRE FERREIRA



Um Reinado de Momo com mais segurança e menos violência. Essa foi a conclusão do balanço do Carnaval 2010 feito pela Secretaria de Defesa Social (SDS) e apresentado, na tarde de ontem, durante coletiva à Imprensa concedida pelo secretário Servilho Paiva. Segundo o relatório da SDS, o número de homicídios durante o Carnaval sofreu uma queda de 7,2% em todo o Estado. O balanço contabilizou 77 homicídios da 0h da sexta-feira às 24h da terça-feira. Em 2009, foram 83 casos. Já os crimes de furto e roubo tiveram uma redução de 45,8%. Foram 436 casos neste Carnaval, contra 804 no mesmo período do ano passado.

O balanço também levou em consideração apenas os polos oficiais do Carnaval. Foram 72 polos de animação neste ano. Nesses locais, a Secretaria de Defesa Social registrou apenas um homicídio, a 0h10 do Sábado de Zé Pereira, em um polo localizado no Cordeiro. O crime ocorreu na avenida Gomes Taborda durante a passagem do bloco Tubarão. Além do assassinato do ex-presidiário Edísio Feitosa de Lima Júnior, 24 anos, que foi atingido com diversos disparos de arma de fogo, outras duas pessoas ficaram feridas.

No entanto, um outro assassinato ocorreu às 18h50 da Segunda-feira de Carnaval, durante o desfile do bloco Vira Copo, no Jordão. Naquela ocasião, o presidente do bloco, Humberto Leão Ferreira, foi assassinado com um tiro de arma de fogo no rosto. Esse crime não foi contabilizado pela SDS por não ter sido praticado em um polo oficial da folia.

Com relação a furtos e roubos, foram registrados 351 crimes nos 72 polos, enquanto em 2009 esse número foi de 449. Já o Juizado do Folião julgou 21 casos. Em 2009 foram 44. “Tivemos um Carnaval em que todos brincaram com uma sensação de maior segurança devido à atuação das polícias. Isso aconteceu graças a um trabalho de planejamento que integrou as polícias Militar e Civil, além da instalação de equipamentos como as câmeras de monitoramento”, destacou Servilho Paiva.

Enquanto em 2009 o Recife possuía 50 câmeras de segurança instaladas,em 2010, foram 237 equipamentos fixos e 36 móveis. Além de 17 câmeras instaladas em Olinda. Houve um aumento de 446% no número de equipamentos instalados, enquanto o número de ocorrências sofreu um acréscimo de 32 para 34 casos. “Estamos com uma cobertura muito maior e, paralelamente a isso, tivemos um aumento de ocorrências insignificante”, destacou o secretário.

Neste Carnaval, a Polícia Civil realizou 58 prisões em flagrante, enquanto no ano passado foram 79. Já o número de pessoas encaminhadas aos postos da Polícia Militar sofreu um aumento de 4%, saltando de 942 para 976. Foram apreendidas 14 armas de fogo e 53 armas brancas, enquanto no ano passado foram apreendidas 43 armas de fogo e 52 armas brancas. Já o número de pedras de crack apreendidas saltou de 92, no ano passado, para 196.

Baile

O secretário informou ainda que a Corregedoria continuará a investigar a denúncia de um baile de Carnaval que teria ocorrido no Centro de Reeducação da Polícia Militar de Pernambuco (Creed), onde estão detidos 130 policiais, na Terça-feira de Carnaval. Uma blitz realizada por 150 homens das políciais Civil e Militar, no local, encontrou 20 crianças e adolescentes, além de mulheres dos detentos, que haviam pernoitado no local.

Fonte:

Folha de Pernambuco

Assassino de garoto é solto e recebe proteção

Assassino de garoto é solto e recebe proteção
Publicado em 19.02.2010

Ezequiel Toledo de Lima, que na época do crime era de menor, cumpriu internato e foi libertado ao chegar à maioridade. Após ameaças, ele e a família foram incluídos em programa de proteção federal

RIO – Um dos jovens envolvidos na morte do menino João Hélio Fernandes, 6 anos, foi incluído no Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente Ameaçado de Morte (PPCAAM), da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH). Ezequiel Toledo de Lima, 18, foi enviado junto com a família para outro Estado. Todos receberam novas identidades.

Na época do crime que chocou o Brasil, em fevereiro de 2007, Ezequiel era menor de idade. Acompanhado por três comparsas maiores, ele abordou o Corsa Sedan dirigido pela mãe de João Hélio, Rosa Cristina Fernandes. O grupo anunciou o assalto e impediu que a mulher retirasse a criança do carro. O adolescente fechou a porta e deixou a criança pendurada pelo cinto de segurança. O menino foi arrastado por seis quilômetros e morreu. Após três anos de cumprimento de medida socioeducativa, Ezequiel completou maioridade e foi solto, como determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

O advogado da família de João Hélio criticou a decisão. “O estatuto é um incentivo ao crime e deveria ser mudado com urgência. Esta pessoa ficou três anos internada e foi solta após um crime hediondo. Agora, entre todas as pessoas ameaçadas de morte no País, ele desfrutará de casa e nova identidade. Lamento a atitude”, afirmou Gilberto Pereira da Fonseca.

A liberdade do jovem foi decidida no dia 8. A mesma Vara da Infância e da Juventude decidiu dois dias depois que ele deveria ingressar no programa de proteção. As ameaças de morte a Ezequiel e à mãe dele foram feitas dentro do Instituto João Luiz Alves, na Ilha do Governador, no Rio. “A equipe técnica avaliou que as ameaças foram suficientes para inclusão deles no PPCAAM”, disse Carlos Nicodemos, coordenador do Projeto Legal, que encaminha as pessoas ameaçadas no Rio para o programa nacional de proteção.

Logo após a internação, Ezequiel ficou isolado quatro meses por conta das ameaças de morte de outros internos. Em 2009, ele teria participado de uma frustrada tentativa de fuga. O menor foi transferido algumas vezes de unidade após ameaças de agressões. A SEDH negou que Ezequiel tenha sido enviado para o exterior, conforme noticiaram jornais cariocas.

Fonte:

Jornal do Commércio

Decreto polêmico

Decreto polêmico

O presidente Lula recebeu várias críticas ao assinar o decreto sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos no dia 21 de dezembro, sendo provável que se repitam nos próximos dias. Houve reações contrárias na área militar, nos meios empresariais, de comunicação e, por fim, da Igreja Católica, através de pronunciamento oficial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Abordemos como reagiu este último setor. A Igreja centrou suas discordâncias em relação ao aborto, aos homossexuais e à exibição de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União. Sob este último aspecto, os bispos qualificaram de "intolerante" a medida que pretende retirar crucifixos dos locais acima citados.

Textualmente, afirmaram, ainda, que "A CNBB reafirma sua posição, muitas vezes manifestada, em defesa da vida e da família, e contrária à descriminalização do aborto, ao casamento de pessoas do mesmo sexo e o direito de adoção de crianças por casais homoafetivos. Rejeita, também, a criação de mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos da União, pois que considera tal medida intolerante pretende ignorar nossas raízes históricas".

Todavia, o órgão máximo dos bispos brasileiros afirma que o programa tem elementos de consenso, que poderiam ser implantados imediatamente, além dos polêmicos, objeto de dissenso que deveriam ser mais debatidos. Entendem os bispos que sem o exercício do diálogo "não se construirá a sonhada democracia participativa, na qual os direitos sejam respeitados e os deveres observados".

É oportuno lembrar que a CNBB tem se empenhado junto ao Congresso Nacional, ao condenar a descriminalização do aborto como a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

Quanto aos demais setores mencionados acima, em especial na área militar, houve, também, reações contrárias, inclusive a partir do interior do próprio Governo, quando divergiram publicamente os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos). O presidente da República, no entanto, minimizou-as, sob a alegação de que um dos objetivos do programa é a busca da verdade de fatos que pertencem à história política do Brasil e que devem ser esclarecidos definitivamente pela sua gravidade, a fim de que se repitam em eventual futuro. Vários setores empresariais e os concessionários de meios de comunicação seguiram a mesma linha crítica ao decreto que promete, como observamos, ter desdobramentos.

Fonte:

Folha de Pernambuco

MP contestará benefício a assassino

MP contestará benefício a assassino
Publicado em 20.02.2010

O Ministério Público do Rio pedirá o cancelamento da inclusão de Ezequiel Toledo de Lima, que à época do crime era menor, em programa de proteção

RIO – O Ministério Público do Rio pedirá o cancelamento da inclusão de Ezequiel Toledo de Lima, 19 anos, um dos assassinos do menino João Hélio, 6, no Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente Ameaçado de Morte (PPCAAM). O MP alega que a proteção é irregular, pois não teve conhecimento prévio da ordem judicial que encaminhou o infrator ao programa. O pedido será encaminhado ao juiz da 2ª Vara da Infância e da Juventude do Rio, Marcius da Costa Ferreira, segunda-feira. O crime ocorreu em fevereiro de 2007.

Dois dias depois de a 2ª Vara conceder ao jovem a liberdade, decisão judicial o incluiu no programa nacional, no dia 10 deste mês. João Hélio morreu ao ser arrastado por seis quilômetros pelo asfalto da Zona Norte do Rio. Ele estava pendurado pelo cinto de segurança do carro roubado de sua mãe. Na época do crime, Lima era o único menor entre os quatro criminosos que participaram da ação.

O Tribunal de Justiça do Rio informou que também na segunda-feira haverá audiência sobre o caso e aguarda manifestação do MP. De acordo com a assessoria de imprensa do TJ, a decisão sobre a permanência de Ezequiel no PPCAAM não era definitiva e será apreciada novamente pelo juiz.

No período em que esteve detido, ele é acusado por um relatório do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) de participação em dois motins, lesão corporal e tentativa de homicídio contra um agente de disciplina, na Escola João Luiz, na Ilha do Governador, em 2008.

Juristas afirmam que o fato de o jovem não responder na Justiça por esses crimes possibilitou que ele progredisse para o regime de semi-liberdade. Eles dizem que, se não houve registro policial ou abertura de processo contra o infrator, os agentes ou a direção do Degase podem responder por crime de prevaricação. Por meio de nota, o Degase informou que todas as ocorrências foram conduzidas aos distritos policiais.

O advogado da família de João Hélio, Gilberto Fonseca, vai analisar o processo de soltura do assassino para saber se ele passou por alguma avaliação psicológica. Ele disse que os pais do garoto ficaram inconformados com a decisão da Justiça.

Fonte:

Jornal do Commércio

Brasil, vaga na ONUBrasil, vaga na ONU

Brasil, vaga na ONUBrasil, vaga na ONU
Ricardo Guerra *

No último dezembro, o Brasil tomou assento como membro provisório - por dois anos - no Conselho de Segurança da ONU - Organização das Nações Unidas. Não é esta, a primeira vez. Eleito por 182 dos 190 votos em Assembléia Geral. De todos os modos, foi um fantástico trabalho das Relações Exteriores brasileiras. O Conselho de Segurança da ONU é o principal organismo executivo da entidade. Ali, são tomadas as principais decisões da entidade internacional.

São 15 países integrantes. Cinco são permanentes Os Estados Unidos, o Reino Unido e a França desde 1946, ano da fundação do CS; a China no lugar de Taiwan, em 1971 e a Rússia substituiu a URSS, em 1991. Os temporários não tem poder de veto. Percebe-se que todos os países com cadeiras permanentes, são potencias militares. É pré-condição.

Para uma resolução ser aprovada deve ter pelo menos, nove dos 15 votos a favor, além de nenhum veto. Os países também representam suas regiões geográficas no mais importante órgão da ONU. Afinal, o Conselho tem atribuições que vão desde a admissão de novos países membros da ONU; recomendar a escolha do secretário-geral, o maior cargo da entidade internacional; a assumir as decisões que visam à manutenção da paz e a segurança. O CS analisa e investiga todas as situações de conflito e pode decidir por resoluções, sanções e até ações militares.

As primeiras especulações dão conta que o Brasil vai propor neste seu 12º mandato, soluções adequadas para a situação política e econômica em Guiné-Bissau; a estabilidade no Haiti que acaba de viver uma tragédia sem precedentes e onde o nosso país lidera há cinco anos, uma missão de paz da ONU; o desarmamento no Oriente Médio e a defesa da segurança com a promoção do desenvolvimento socioeconômico. Acrescente-se a importância que o Brasil dará ao Direito Internacional Humanitário. Sem dúvida, o Brasil, ainda lutará pela solução de Honduras, a problemática das mudanças climáticas, a Rodada de Doha (OMC - Organização Mundial ao Comércio) e a atuação do Grupo-8 que passará a G-13, com a sua inclusão e mais, China, África do Sul, Índia e México.

O Presidente Lula tem declarado que deseja muito mais força para a ONU e que lutará por uma reformulação do Conselho de Segurança. Propõe uma modernização. E desafia, ao seu estilo, por que a ONU não interfere para efetivamente resolver o problema de Honduras cuja solução divide com o comando da OEA - Organização dos Estados Americanos. Por fim, avisa que reiterará a questão da paz no Oriente Médio.

Os membros provisórios sempre são escolhidos de acordo com a sua posição dentre as nações da Europa Ocidental, do Leste Europeu, da África, da Ásia, da America Latina e do Caribe, de modo que todos os continentes sejam representados. Áustria, Turquia, México, Japão e Uganda terão seus mandatos encerrados em dezembro de 2010. Burkina Fasso, Costa Rica, Croácia, Líbia e o Vietnã foram substituídos pelo Brasil, Bósnia e Herzegovina, Gabão, Líbano e Nigéria desde primeiro de janeiro.

O Brasil contou com o apoio decisivo das principais lideranças mundiais. Notadamente, a França e a Itália. Especulações não invalidam os méritos. Muitos afirmam que a preferência pela compra dos aviões a jato - caças militares de fabricação francesa foi decisiva. Senão bastasse o titulo do “homem do ano”, concedido ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo famoso jornal francês Le Monde.

As propostas norte-americanas e a sueca, sendo esta indicada pelos os especialistas, por considerá-las, a melhor, teriam sido preteridas.

De fato, para a grande maioria, na qual se inclui o articulista, o excesso de nebulosidade, não permitiu até hoje, uma visão real da verdadeira situação de pouso dos novos caças importados pelo nosso país. As aeronaves descerão com o auxilio “de instrumentos”. Não haverá teto?

Tudo isto faz-nos lembrar o ditame milenar: “A mulher além de honesta, precisa parecer honesta”.

ONU: O lado brasileiro de uma organização com várias frentes


ONU: O lado brasileiro de uma organização com várias frentes
AMANDA SEABRA

Quando se fala em Organização das Nações Unidas (ONU), imediatamente as pessoas pensam nas catástrofes mundiais e nas ajudas humanitárias promovidas por essa instituição. Mas a ONU é muito mais do que isso, ela está presente em quase tudo, está envolvida na economia, nas questões sociais, regula as comunicações, a aviação, a segurança mundial. Mas para tanto ela precisa estar presente nos países, e no Brasil não é diferente. Desde 1950 a ONU tem representação fixa no País, iniciada com os trabalhos da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e da OIT (Organização Internacional do Trabalho). E é justamente sobre o braço da ONU no Brasil que vamos falar nesta reportagem.

A atuação das Nações Unidas em cada país varia de acordo com a necessidade. Em uma nação grande e populosa como o Brasil, são muitas as demandas e, portanto, também há uma forte presença da ONU em quase todas as áreas que ela cobre, que são muitas. A organização atua em várias frentes como, por exemplo, na questão do direito do trabalho que é regulado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), ou o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, que atuam nas esferas econômicas.

Atualmente há 18 organismos da ONU, como agências, fundos, programas e comissões regionais, instalados no Brasil. Há também 13 entidades que, apesar de não terem escritórios no País, se fazem presentes através de seus programas e projetos. Os diversos organismos das Nações Unidas atuam no País de forma coordenada através do Grupo de Representantes dos Escritórios da ONU no Brasil (UNCT, na sigla em inglês). O Brasil é membro das Nações Unidas desde 1945 e é um dos países fundadores da organização mundial.

A forma de assistência que é fornecida para a Nação é variável de uma agência para a outra, já que elas atuam em áreas diferentes. Contudo, normalmente as representações da ONU no Brasil atuam em parceria umas com as outras e também com o governo, em todos os níveis: federal, estadual e municipal. As agências também trabalham em conjunto com a iniciativa privada, instituições de ensino, ONGs e sociedade civil brasileira.

Mas como definir a ONU? De acordo com o site do Centro de Informação das Nações Unidas (UNIC Rio), as Nações Unidas são uma organização internacional formada por países que se reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e desenvolvimento mundial. No Brasil, segundo o professor de Direito Internacional na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Jayme Benvenuto, muitos trabalhos da ONU podem ser destacados, especialmente na área social e de direitos humanos. “A representação da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) considerou o programa brasileiro ‘Bolsa Família’ uma iniciativa modelo e não só investiu para o desenvolvimento do programa, como também levou a ideia para outros países”, destacou.

Segundo Benvenuto, que também é coordenador da ONG Gajop (Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares), no Recife, apesar do “Bolsa família” ter recebido inúmeras críticas, especialmente da oposição, ele foi considerado pela ONU um exemplo a ser seguido, e grande parte da popularidade do presidente Lula no cenário internacional se deve a divulgação do projeto feita pela FAO.
Fonte: Jornal do Commércio

Alfabetização: direito público

Alfabetização: direito público

O Ministério da Educação (MEC) garante que o Brasil vai cumprir, até 2015, o Acordo de Dacar, estabelecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que prevê a redução da taxa de analfabetismo dos atuais 10% para 6,7% até 2015. A análise é da Secretaria de Alfabetização e Diversidade do MEC e foi divulgada pela Agência Brasil de Notícias.

De acordo com a Secretaria, nos últimos anos a taxa de analfabetismo vem caindo, em média, 0,55% ao ano e, desta forma, espera-se que, até a 2015, chegue a 5,6%, abaixo do determinado pela Unesco. Por sua vez, o MEC defende que o País tem as condições necessárias para alcançar as metas de alfabetização. Uma das estratégias importantes para atingir esse objetivo, na avaliação do Ministério, é o acordo firmado entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os governadores das regiões Norte e Nordeste para a erradicação do problema. As duas regiões têm as piores taxas de analfabetismo do País e concentram 80% das turmas do Brasil Alfabetizado, programa do Governo Federal que dá apoio técnico e financeiro para que Estados e municípios criem turmas voltadas a jovens e adultos. Outra dificuldade apontada por especialistas está na formação de professores para trabalhar em turmas de alfabetização de jovens e adultos. Já o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), que tem como uma das metas alfabetizar todas as crianças aos 8 anos de idade, também vai ajudar a reduzir as taxas porque evita a continuidade do analfabetismo entre a população mais jovem. Entretanto, o MEC precisa dos Estados e dos municípios para dar conta do problema. Já que o esforço do Governo Federal é mais do que financeiro ou político, é institucional. E os parceiros são Estados e municípios, pois a alfabetização deve ser tratada como um direito público.
Fonte:
Folha de Pernambuco

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A verdade [PNDH3]

A verdade
Sérgio C. Buarque

O Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH-3) é um somatório desconexo de demandas de diversos segmentos da sociedade, mesmo assim, ou por isso, está gerando controvérsia e desagradando a vários outros grupos de interesse. Um dos pontos mais controversos é a criação de uma chamada Comissão da Verdade. Ninguém pode questionar a busca da verdade, mas a proposta do PNDH-3 pode levantar várias interrogações políticas - quem tem medo da verdade? - mas também uma grande pergunta filosófica: afinal o que é a verdade? A verdade, disse Marx, é escrita pelos vencedores que interpretam os fatos com o olhar enviesado da sua ideologia, reflexo dos interesses e da posição na sociedade. Contudo, num sistema democrático de uma sociedade complexa que permite a pesquisa histórica livre e independente, a verdade é o resultado de múltiplas e mesmo contraditórias observações e interpretações dos fatos, mudando também na medida em que novos fatos e eventos se tornam públicos.

Em outras palavras: não existe uma verdade absoluta a ser descoberta por nenhuma comissão, principalmente se esta comissão for formada apenas pelos vencedores de ocasião. Os historiadores, organizando o conhecimento disponível e com método de análise rigoroso (na medida do possível, despoluído das ideologias), estão avançando na direção e aproximação da verdade, tão mais próxima de conhecer a complexidade dos movimentos do passado, quando mais testados e submetidos à pluralidade de visões de mundo e de métodos de análise. Portanto, a busca da verdade exige abertura intelectual para confrontar as percepções e rever, continuamente, os fatos e os eventos. O debate de ideias com uma ampla e diversificada disponibilidade de informação e de interpretação, não descobre a verdade absoluta, mas aumenta o conhecimento sobre o passado das sociedades.

Analisando deste ponto de vista, o PNDH-3 tem um ponto correto e um aspecto preocupante. Está certo, embora não seja exatamente direitos humanos, quando defende a disponibilização e transparência de todas as informações sobre a história brasileira, para que os historiadores possam se debruçar sobre os fatos e eventos na sua análise do passado. No entanto, o PNDH-3 parece não confiar aos historiadores a pesquisa destes fatos e informações, remetendo para uma chamada Comissão da Verdade o poder de declarar e proclamar a verdade. Com a arrogância que costuma caracterizar os vencedores da ocasião, a comissão parece ser criada como a dona da verdade, uma verdade absoluta e definitiva.

Neste caso, ela já surge com a força de uma ideologia que, como todas, deforma, distorce e simplifica os fatos, refletindo uma intolerância com as diferenças de interpretação da realidade. Não se sabe a composição desta comissão - que pode moderar a arrogância e simplificação - mas se for instalada no governo do PT provavelmente será tão intolerante e arrogante quanto tem sido este partido e seus seguidores no tratamento dos seus críticos e no julgamento dos fatos históricos.

Como são os “donos da verdade”, os petistas não aguentam um questionamento e costumam qualificar todos os críticos como mentirosos e gananciosos, numa forma de "repressão moral e ideológica", desta forma, fogem e rejeitam o debate, empobrecendo a busca da verdade que tanto propagam (mas, eles já têm a verdade, por que discutir?). Tudo indica que a Comissão da Verdade já nasce com este DNA da arrogância de quem se considera o único portador da verdade absoluta no Brasil.

» Sérgio C. Buarque é economista e consultor

Fonte:

Jornal do Commércio

PNDH: polêmica agora no plano de governo de Dilma

PNDH: polêmica agora no plano de governo de Dilma
Publicado em 18.02.2010

BRASÍLIA – Depois de contornar a crise instalada no governo com a divulgação do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), o presidente Lula foi informado por auxiliares que há nova turbulência à vista. No documento que trata das diretrizes para o programa de governo da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto, o PT propõe a “abertura dos arquivos e implementação da Comissão da Verdade, para esclarecimento público dos casos de torturas, assassinatos e desaparecimentos políticos no Brasil”.

A Comissão da Verdade foi o ponto mais polêmico do decreto presidencial que instituiu o programa de direitos humanos. Proposta para analisar casos de tortura e execução sumária nos anos da ditadura (1964-1985), a Comissão foi alvo de ataques por parte dos militares, que viram no texto o incentivo à revisão da Lei de Anistia.

O programa de governo de Dilma será discutido no Congresso Nacional do PT, que começa hoje e prossegue até o sábado (20), em Brasília.

Fonte:

Jornal do Commércio

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Redução do analfabetismo

Redução do analfabetismo

O Ministério da Educação (MEC) garante que o Brasil vai cumprir, até 2015, o Acordo de Dacar, estabelecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que prevê a redução da taxa de analfabetismo dos atuais 10% para 6,7% até 2015. A análise foi feita pelo secretário de Alfabetização e Diversidade do MEC, André Lázaro. De acordo com Lázaro, nos últimos anos a taxa de analfabetismo vem caindo em média, 0,55% ao ano, e destaca: “Nesse ritmo, chegaremos a 2015 com 5,6%, abaixo do determinado pela Unesco”. Por sua vez, o ministério defende que o País tem as condições necessárias para alcançar as metas de alfabetização. Uma das estratégias importantes para atingir esse objetivo é o acordo firmado entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os governadores das regiões Norte e Nordeste para a erradicação do problema. Registre-se que as duas regiões têm as piores taxas de analfabetismo do País e neste ano concentram 80% das turmas do Brasil Alfabetizado, programa do Governo Federal que dá apoio técnico e financeiro para que Estados e municípios criem turmas voltadas a jovens e adultos.

Vale salientar que, hoje, temos 1,6 mil turmas do Brasil Alfabetizado cadastradas. A meta é alfabetizar 1,5 milhão em 2009. O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), que tem como uma das metas alfabetizar todas as crianças aos 8 anos de idade, também vai ajudar a reduzir as taxas porque evita a continuidade do analfabetismo entre a população mais jovem. Outra dificuldade, apontada por especialistas, está na formação de professores para trabalhar em turmas de alfabetização de jovens e adultos. O secretário informou que o MEC já lançou um edital para que universidades elaborem propostas de cursos de formação. Segundo ele, os professores começam a ser capacitados ainda em 2009.

Lázaro ressalta, entretanto, que o ministério precisa de Estados e municípios para “dar conta do problema”. Porém, o esforço do governo é mais do que financeiro ou político, é institucional. Pois, a alfabetização precisa ser tratada como um direito público.
Fonte:
Folha de Pernambuco

Catástrofe silenciosa

Catástrofe silenciosa
Publicado em 10.02.2010

O exame do curto período de 25 anos que compreende a instalação da chamada Nova República e o fim do governo Lula revela conquistas significativas para a população brasileira. De conquistas institucionais, como a Constituição de 1988, passando pela realização de eleições regulares e confiáveis, até ganhos palpáveis advindos da modernização econômica e da implementação de políticas sociais de caráter inclusivo. O controle da inflação, a estabilização da moeda, a recuperação do poder aquisitivo e da capacidade de crédito da classe média, o elevado grau de confiabilidade do sistema financeiro, a retomada dos investimentos em infraestrutura - são elementos de um mesmo quadro positivo, acumulados no decorrer dos mandatos dos quatro últimos presidentes da República.

Infelizmente, um dos pressupostos do desenvolvimento sustentável fica fora dessa lista de avanços: a educação no Brasil ostenta resultados indignos dos demais indicadores de crescimento anotados pelo País. De tal maneira que, se tomarmos o indivíduo nascido em 1985, no alvorecer da redemocratização, a probabilidade de que ele tenha conseguido expandir a plenitude de suas potencialidades, da infância à juventude, é muito baixa. Apesar da melhora na alfabetização, temos uma taxa de repetência (19%) quase cinco vezes maior do que a média na América Latina (4%). O recém-divulgado ranking da Unesco sobre educação básica aponta o País como o 88º da lista, atrás do Paraguai, da Bolívia, do Equador e Honduras - os mais pobres das Américas. A Unesco leva em consideração para a formulação do ranking a universalização do ensino fundamental, a alfabetização de adultos, a igualdade entre meninos e meninas no acesso à educação e a proporção de alunos que completam a quarta série. O resultado para o Brasil é assustador, uma verdadeira catástrofe silenciosa, para a qual muitos de nós, especialmente os nossos governantes, não nos demos conta.

A estatística nacional traz mais conclusões devastadoras. Estudo do Ipea divulgado em janeiro revelou que, em 2007, metade dos 10,2 milhões de brasileiros de 15 a 17 anos estava atolada nas séries do ensino fundamental ou havia desistido de estudar, abandonando a escola. O que não é tão difícil de explicar. Basta ver que 37% das quase 200 mil escolas espalhadas pelo território nacional não dispõem de biblioteca! Onde estão esses jovens que deveriam estar estudando? Em vez do sonho da carreira profissional, é provável que vivenciem o pesadelo das drogas e da violência dos centros urbanos, vítimas de um sistema educacional falido.

Um vexame sem desculpas, uma vergonha coletiva, um fracasso do atual e dos governos anteriores que transborda como responsabilidade descuidada por todos. Inclusive da sociedade que se esquiva do problema, conforme detectado em pesquisa do Ibope no ano passado: a educação aparece apenas como o quinto problema nacional, e quase 70% dos entrevistados disseram que é assunto exclusivo dos governos - como se os pais não tivessem nada a ver com isso.

Em Pernambuco, a exemplo de boa parte do Nordeste, a situação é ainda mais delicada. A distorção idade/série no ensino fundamental passa de um terço dos matriculados - um escândalo, atestado de incompetência de professores mal capacitados e gestores insensíveis. Se em 2006 essa distorção era maior - chegando a mais de 50% - a diminuição merece menos comemoração e redobrado trabalho, visto que tal realidade é inadmissível em um Estado que se quer pronto para o futuro. Nas indústrias de Suape e na construção civil, começa a faltar técnicos e sobrar empregos qualificados, devido ao déficit de candidatos preparados.

A catástrofe na educação é o gatilho de outras catástrofes que nos envergonham, como a violência urbana que mata tanto quanto uma guerra civil. É preciso elevar a carga horária mínima nas escolas públicas, investir na infraestrutura física e humana - na formação de professores estimulados a ensinar - e sobretudo, melhorar a péssima qualidade do ensino básico no País, que provoca altas taxas de evasão e repetência. Em ano de eleição para presidente e governadores, a recuperação da educação é inadiável. É preciso assumir a questão como o mais urgente projeto nacional, algo que não foi feito nos últimos 25 anos.
Fonte:
Jornal do Commércio

Parceiro de gay morto receberá pensão privada

Parceiro de gay morto receberá pensão privada
Publicado em 10.02.2010

BRASÍLIA – O Superior Tribunal de Justiça (STJ) abriu ontem mais uma brecha para o reconhecimento dos direitos de casais gays. A corte deu a um homem o direito de receber pensão de uma empresa de previdência privada após a morte de seu companheiro, com quem viveu por 15 anos.

Para a relatora do processo, ministra Nancy Andrighi, os direitos de casais heterossexuais devem ser estendidos aos homossexuais, considerando-se a sociedade na qual vivemos, “com estruturas de convívio familiar cada vez mais complexas”. Os demais ministros da 3ª Turma do tribunal concordaram.

A decisão é inédita no STJ, que em julgamentos passados tinha reconhecido esse direito apenas para assegurados do INSS. A decisão de ontem valerá apenas para o caso concreto, mas servirá de precedente para que pessoas na mesma situação obtenham o benefício na Justiça. No caso, a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) saiu derrotada, e terá de pagar os valores da pensão retroativos à data da morte do segurado.

Após a morte do companheiro, em abril de 2005, o autor da ação pediu à Previ o pagamento de pensão post mortem. O pedido foi negado porque, segundo a entidade, não havia amparo legal ou previsão em seu regulamento para beneficiar companheiro do mesmo sexo. O autor, então, ajuizou ação com o argumento de que a conduta da Previ tinha sido discriminatória e contrária aos princípios da igualdade e da dignidade da pessoa humana, previstos na Constituição.

Na primeira instância, a Previ foi condenada, mas recorreu ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Os desembargadores reverteram a decisão, ponderando que as regras da união estável não poderiam ser estendidas a casais homossexuais. O autor recorreu ao STJ e saiu vitorioso. A Previ ainda pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal.

No voto, Nancy Andrighi ressaltou que a união homoafetiva não pode ser ignorada ou alvo de preconceito, sob o risco de haver supressão dos direitos fundamentais das pessoas envolvidas.

STM

Presos após assumirem um relacionamento homossexual em 2008, os sargentos Fernando Alcântara de Figueiredo e Laci Araújo pediram ontem ao Senado que barre a indicação do general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho para o Superior Tribunal Militar (STM). O oficial gerou polêmica na semana passada ao afirmar, em sabatina na Comissão de Constituição e Justiça, que é contrário à presença de gays nas Forças Armadas.
Fonte:
Jornal do Commércio

Governo lança campanha contra tráfico de pessoas

Governo lança campanha contra tráfico de pessoas
Publicado em 10.02.2010

RIO – Cubos em tamanho quase natural com a imagem fotográfica de uma mulher aprisionada em um caixote de madeira, semelhante aos de feira, passarão a circular nas esteiras de bagagem de 11 aeroportos do Brasil, para chocar e alertar sobre o tráfico de seres humanos. A iniciativa é da Secretaria Nacional de Justiça (SNJ), do Ministério da Justiça, que lançou ontem campanha de combate ao tráfico de pessoas, na Rodoviária Novo Rio.

A maior parte dos casos tem como vítimas mulheres levadas ao exterior, sob falsas promessas, que acabam exploradas na prostituição. É apelando a imagens fortes que a secretaria pretende fazer a população visualizar de forma clara o problema. “Tráfico de pessoas. Ajude o Brasil a não cair nessa armadilha”, são os dizeres. O anúncio pede ao público que faça a sua parte e denuncie – o número é 180.

“Queremos criar essa sensibilização na população. As pessoas visualizam tráfico de drogas, mas muitos não conseguem visualizar tráfico de pessoas. A campanha tem o objetivo de mostrar o que é usar as pessoas como mercadorias, encaixotá-las, para exportar ou importar. Queremos quebrar o paradigma do silêncio”, afirmou o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior.

A Polícia Federal (PF) instalou apenas 800 inquéritos para apurar esse tipo de crime nos últimos 20 anos, dos quais 658 foram abertos a partir de 2000. Goiás é o líder do ranking geral negativo, com 147 casos abertos, seguido de São Paulo, com 99.
Fonte:
Jornal do Commércio

Mulheres: imigração ilegal

Mulheres: imigração ilegal

Goiás apresenta, nos últimos anos, um histórico preocupante: De todo o país, o estado é o que mais vê sua população feminina sair em direção às terras estrangeiras. De acordo com uma pesquisa realizada pela Assessoria Especial para Assuntos Internacionais, cerca de 300 mil goianos vivem no exterior. Deste total, 70%, ou seja, aproximadamente 210 mil pessoas estão em situação ilegal. A ilegalidade torna a pessoa mais vulnerável a cair nos esquemas de exploração sexual ou tráfico de pessoas. Uma das características do tráfico de seres humanos é tomar o passaporte das vítimas para que elas não tenham a liberdade de sair do esquema ou fugir do país onde estão. Mas, Daianny Silva, Assessora Jurídica do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP) de Goiás, esclareceu que nem todas as pessoas que saem do estado moram realmente nele. O motivo do registro elevado da saída de pessoas por Goiás, segundo ela, é que lá o passaporte é emitido mais rápido do que outros em estados do país, aumentando, assim, a procura de brasileiros de outras cidades pela emissão do passaporte no estado. Elie Chidiac, Chefe da Assessoria Especial, disse que é possível perceber que a saída para o exterior é estimulada pela experiência de amigos ou familiares que foram em busca de uma vida melhor. Tanto os goianos quanto os demais brasileiros, que estão em situação ilegal, a maioria sai do Brasil com o visto de turista, mas acaba ficando após o término da validade, passando então, à condição de ilegalidade. Vale dizer, que o Brasil deu anistia e regularizou a situação de muitos estrangeiros ilegais aqui. E espera-se que os países reconheçam isso, e legalizem a situação dos brasileiros. Saliente-se que, desde 2004, em média, 3 mil brasileiros passaram, em algum momento, pela experiência da prostituição. Estas mulheres são, geralmente, mães solteiras, com idade entre 18 e 26 anos e têm baixa escolaridade. Os principais destinos são os países europeus como Espanha, Portugal, Bélgica e Suíça. Muitas dessas mulheres retornam ao Brasil com a saúde debilitada, inclusive apresentando desequilíbrio mental. Atualmente existem 18 meninas desaparecidas e, só no ano passado, 15 pessoas foram mortas vítimas da rede do crime organizado especializado em tráfico de pessoas. Em média, 20 brasileiras são assassinadas anualmente no exterior, vítimas da máfia da exploração de pessoas. Para tentar combater e reduzir a prostituição internacional, o Projeto Itamaraty Itinerante, lançado em 10 de dezembro de 2009, pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), serve como um canal de assistência aos brasileiros no Exterior.
Fonte:
Folha de Pernambuco

Comida na mesa de todos os brasileiros

Comida na mesa de todos os brasileiros

Rodrigo Couto
rodrigocouto.df@dabr.com.br


Brasília - Mesmo com a implantação do Bolsa Família em 2003 - principal programa de transferência de renda do governo Lula, que atende pelo menos 48 milhões de pessoas no país -, quase 16 milhões ainda vivem em condições de extrema pobreza, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (Pnad) de 2008.

Hercília sonha comprar tudo o que precisa em um supemercado: "Mas está distante disso acontecer". Foto: Paulo de Araújo/CB/D.A Press
Uma das tentativas para reduzir este número é a inclusão da alimentação entre os direitos sociais do artigo 6º da Constituição Federal. Comemorada por militantes de ONGs, parlamentares e integrantes do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), a medida é vista com desconfiança por especialistas.

A inclusão da alimentação entre os direitos sociais - educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados - já previstos na Constituição, é vista com desconfiança pelo professor titular de direito constitucional da Universidade de São Paulo (USP) Elival da Silva Ramos. "Os políticos acham que basta colocar no papel para tornar realidade. Em vez de aprovar a emenda, deveria haver esforço para ampla reforma política. É com a mudança das práticas políticas que um país pode avançar em todas as áreas", fala. Para ele, a Constituição é pobre na viabilização dos meios. "Além disso, a concessão dos direitos sociais depende de peças orçamentárias e não de algo previsto na Carta Magna".

Já o presidente do Consea, Renato Maluf, diz que a inserção tem importância imediata. "Agora, a alimentação passa a ser uma questão de Estado", observa. Apesar de comemorar o texto, baseado na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 21/01, do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Maluf reconhece que a implantação será gradativa. "E na medida em que forem implantadas outras políticas públicas para combater esse grave problema", admite.

Presidente da Frente Parlamentar de Segurança Alimentar e Nutricional, o deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) acredita que o país deu um grande passo. "Esta era uma lacuna de mais de 20 anos na Constituição", destaca. Para ele, a inclusão da alimentação não deve aumentar o número de programas sociais. "Acredito que deve haver um aperfeiçoamento para incluir quem ainda está fora", diz. A integrante do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e da Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (Abrandh), Elisabetta Recine, diz que a aprovação da Emenda é importante instrumento de pressão junto aos governos federal, estaduais e municipais. "Torna oficial esse direito que deve ser garantido a todos."

Esperança - Mãe de seis filhos, Hercília Vital Pereira, 46 anos e moradora de Brasília, enfrenta dificuldades para se alimentar. Acompanhada das netas Camila, 2, e Graziele, 1, a diarista, que não tem renda fixa e benefício do Estado, diz que seu sonho é comprar o que tem vontade em um supermercado. "Infelizmente, está muito distante disso acontecer. Quando tenho dinheiro para comprar feijão, falta para a carne e o arroz." A diarista espera queos filhos e os netos possam se beneficiar da nova lei. "Não sei se terei acesso, mas vou torcer para minha família conseguir."
Fonte:
Diário de Pernambuco

Segregação racial também no Brasil

Segregação racial também no Brasil
Publicado em 11.02.2010

O Apartheid persiste silenciosamente não só na África do Sul, mas também no Brasil, que por quase 400 anos utilizou a mão-de-obra escrava negra. A segregação está sob os olhos de todos. Os números explicam a realidade. Excluída de tudo, a população negra está mais vulnerável à violência. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), dos 25 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza, 70% são afrodescendentes.

Pesquisa do antropólogo José Jorge de Carvalho, da Universidade de Brasília (UnB), que consta do livro Inclusão ética e racial no Brasil, aponta que apenas 30% dos negros conseguem concluir o quinto ano do ensino fundamental. Os demais, quase 70 milhões de párias, penam sem oportunidades ou com subempregos. Ainda conforme o levantamento, entre os professores de universidades públicas brasileiras, menos de 1% é afrodescendente. Dos mil diplomatas, somente dez são negros. Sinal do preconceito persistente no País, só 6,9% dos brasileiros se declararam negros, segundo atestou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Outro estudo, divulgado no ano passado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revela que o número de negros assassinados no Brasil é duas vezes maior que o de brancos. No Nordeste, a diferença é ainda mais gritante: para cada branco vítima de homicídio, dez negros são mortos. O levantamento, baseado em dados do Ministério da Saúde (MS) referentes a 2006 e 2007, mostra que 59.896 negros foram assassinados no período, contra 29.892 brancos.

Apartheid velado, 20 anos depois

Apartheid velado, 20 anos depois
Publicado em 11.02.2010

Libertação de Nelson Mandela, ícone da luta contra o Apartheid, trouxe mudanças profundas no país, mas segregação racial ainda perdura

Wagner Sarmento

wsarmento@jc.com.br

Há exatos 20 anos, a libertação de Nelson Mandela prenunciava a liberdade dos negros na África do Sul, o começo do fim do regime da vergonha que vigorava havia mais de meio século. Mandela, símbolo da luta contra o Apartheid, deixava a cadeia após 27 anos preso sob as acusações de sabotagem e conspiração. Foi solto pelo clamor de um povo cansado daquela estupidez que separava brancos e pretos. A soltura do líder catalisou o processo para enterrar a política de segregação racial no país. Hoje, duas décadas depois, a igualdade racial ainda está longe de se tornar realidade. Há um Apartheid velado que persiste no país.

O modelo segregacionista, cuja estrutura foi criada no século 17, ainda na época dos colonizadores holandeses, antes do domínio inglês no país, foi oficializado em 1948, com a vitória do Partido Nacional, ligado aos africâneres (descendentes dos europeus). O Apartheid marginalizava os negros, que correspondiam a 80% da população.

Havia hospitais para brancos, modernos e bem equipados, e para negros, sempre superlotados e sem médicos. Ambulâncias de brancos não podiam sequer socorrer negros doentes. Quase todas as universidades eram reservadas aos brancos. As escolas preparavam os negros para trabalhos braçais. Trens e ônibus também eram segregados. Existiam praias às quais só os brancos tinham acesso. Os negros não tinham direito, por exemplo, a piscinas públicas, bibliotecas, parques e cinemas. Policiais negros não podiam prender brancos.

Mandela nasceu no pequeno vilarejo de Qunu, distrito de Umtata. Foi o primeiro membro da família a frequentar uma escola e acabou se formando em direito. Após ser expulso da Universidade de Fort Hare por se envolver com o movimento estudantil, ele concluiu o curso na Universidade da África do Sul, em Joanesburgo.

Na década de 50, Nelson Mandela se aliou ao partido do Congresso Nacional Africano (CNA) e encampou uma cruzada contra o Apartheid. Optou pela luta armada depois do Massacre de Sharpeville, em 1960, quando a polícia sul-africana matou 69 negros e feriu 180.

Um ano mais tarde, tornou-se chefe da Lança da Nação, braço armado do CNA. Comandou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e realizou treinamento paramilitar na Argélia, mas acabou preso em agosto de 1962, quando a agência de inteligência americana, a CIA, repassou informações sobre ele à polícia sul-africana. Pela viagem ilegal ao exterior e por incentivar greves, Mandela foi condenado a cinco anos de reclusão. Dois anos depois, veio a sentença de prisão perpétua por sabotagem e por conspiração para que outros países invadissem a África do Sul.

SITUAÇÃO INSUSTENTÁVEL

Uma semana antes de ordenar a libertação de Nelson Mandela, o então presidente Frederik de Klerk, último líder branco do país, admitiu que a política de segregação racial fracassara e iniciou o processo para pôr fim ao Apartheid. Além da súplica dos negros, as circunstâncias exigiam que Mandela deixasse a cadeia. “A saída de Mandela da prisão é o reconhecimento do governo branco de Frederik de Klerk que a política do Apartheid estava podre e caduca. Não havia condições de continuarem com isso. Poderia provocar até uma guerra civil. A África do Sul não conseguia se colocar entre os países civilizados. As restrições internacionais deixariam o país isolado. Tudo isso forçou a libertação de Mandela, sem desmerecer a luta da população negra”, avalia o historiador Antônio Alves, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O processo para encerrar o Apartheid continuou em 1992, quando 69% dos eleitores brancos aprovaram, em plebiscito, o fim da política de segregação racial. O regime foi oficialmente sepultado nas eleições livres de 1994, quando Mandela – que um ano antes havia conquistado o Prêmio Nobel da Paz junto com De Klerk – foi eleito o primeiro presidente negro da história da África do Sul. De lá para cá, seu CNA venceu todas as eleições presidenciais. “A libertação de Mandela acelerou o processo para o fim da política de segregação racial. Eram necessárias mudanças e ninguém melhor que Mandela para conduzi-las”, observa o professor da UFPE.

Parte da compensação pelo Apartheid ocorreu em 2003, quando o governo sul-africano anunciou o pagamento de US$ 85 milhões a 22 mil negros presos e torturados durante o regime. “Mandela inicialmente usou a luta armada, mas percebeu que aquela estratégia só piorava a situação. Passou a se valer de movimentos pacíficos. O maior mérito de Mandela foi reconhecer seu erro e saber abdicar da luta armada”, destaca Alves.
Fonte:
Jornal do Commércio

General nega discriminação de gays

General nega discriminação de gays
Publicado em 11.02.2010

Com sua indicação ao STM ameaçada, Raymundo Nonato de Cerqueira Filho enviou ontem carta ao Senado dizendo respeitar dignidade de homossexuais

BRASÍLIA – Na tentativa de garantir a sua indicação para o Superior Tribunal Militar (STM) pelo Senado, o general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho encaminhou ontem carta aos parlamentares para negar que tenha agido de forma discriminatória ao condenar o ingresso de homossexuais nas Forças Armadas. Na carta, o general afirma que não teve a intenção de discriminar ou ferir a dignidade dos militares gays.

“Fui bem claro nas minhas afirmações, que, em momento algum, contrariaram a Constituição. Durante todos esses anos de serviço, nunca persegui, discriminei, puni ou julguei qualquer militar por ter se declarado homossexual ou mesmo por estar envolvido na prática de homossexualismo”, afirma.

Na carta, o general diz que sua opinião manifestada durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado foi puramente uma questão de aptidão ou perfil para a atividade. “O meu posicionamento não tem força de lei, pois cabe ao Ministério da Defesa, juntamente com as Três Forças, estudar e, se for o caso, propor um projeto de lei que permita o ingresso de homossexuais nas Forças Armadas e, ao Congresso Nacional, a sua aprovação”, afirmou.

A carta do general foi encaminhada ao senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), relator da sua indicação para o STM na Casa. O tucano leu trechos da carta do general no plenário do Senado. Na opinião de Azeredo, o general não pode ser punido por suas declarações.

“Ele confirma na carta o seu respeito à Constituição e aos direitos humanos daqueles que tenham qualquer tipo de opção sexual. Recebi a carta na condição de relator da sua indicação para o STM. O general tem ampla folha de serviços prestados ao País nos mais de 40 anos que liderou militares”, disse o senador.

Cerqueira Filho corre o risco de ter a indicação para o tribunal barrada pelo plenário do Senado em consequência das declarações prestadas na sabatina na CCJ, há duas semanas. A comissão aprovou sua indicação por unanimidade, mas a decisão tem que ser referendada pelo plenário para que Cerqueira Filho passe a integrar o STM.

Na ocasião, o general afirmou que o indivíduo homossexual “não consegue comandar uma tropa por não ter características de comando sobre os demais militares. O indivíduo não consegue comandar o comando em combate, tem uma série de atributos e fatalmente a tropa não vai obedecer”, afirmou.
Fonte:
Jornal do Commércio

Jobim afasta general que criticou PNDH

Jobim afasta general que criticou PNDH
Publicado em 11.02.2010

Maynard Santa Rosa escreveu carta chamando a Comissão da Verdade de “comissão da calúnia”, que seria integrada por “fanáticos”. Com isso, ministro Nelson Jobim decidiu afastá-lo do cargo

SÃO PAULO – O general de Exército da ativa Maynard Marques de Santa Rosa foi exonerado ontem da chefia do Departamento-Geral de Pessoal do Exército (DGP), depois de condenar em nota a Comissão da Verdade, criada pelo governo para investigar crimes da ditadura militar (1964-1985), chamando-a de “comissão da calúnia”, que seria integrada por “fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o sequestro de inocentes e o assalto a bancos como meio de combate ao regime para alcançar o poder”.

A exoneração de Santa Rosa, um dos 15 membros do Alto Comando do Exército, foi decidida pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, depois que reportagem da Folha de S. Paulo revelou o conteúdo da nota contra a Comissão da Verdade. O ministro anunciou a exoneração depois de conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na posse do novo ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto.

Jobim já havia conversado com o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, que estava a serviço em Santa Maria (RS), questionando se a nota era verdadeira, se fora escrita por Santa Rosa e exigindo providências imediatas.

Cerca de duas horas depois, segundo a versão oficial, Peri ligou de volta, respondendo afirmativamente e sugerindo a exoneração. Jobim então enviou ontem mesmo uma exposição de motivos nesse sentido para o presidente, que confirmou a exoneração. “Esse assunto está absolutamente encerrado”, afirmou o ministro.

Santa Rosa, porém, continuará na ativa, como adido no gabinete do comandante Enzo Peri, até o próximo dia 31 de março, quando completa o tempo máximo de permanência no generalato, de 12 anos, e vai compulsoriamente para a reserva remunerada.

Também ontem, a oposição aproveitou a ausência de governistas e aprovou a convocação da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) para depor na Comissão de Constituição e Justiça do Senado sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos. Dilma será obrigada a comparecer sob pena de responder por crime de responsabilidade. A data ainda não foi marcada.

Os aliados tentaram evitar, mas chegaram tarde à reunião. O requerimento, da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), não constava da pauta. Com isso, a oposição, mesmo em minoria, conseguiu aprovar a convocação por 9 votos a 7.

Em ano eleitoral, o objetivo é obrigar a ministra e presidenciável do PT a se posicionar sobre temas polêmicos que constam do plano como reforma agrária, legalização do aborto, casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e a Comissão da Verdade.
Fonte:
Jornal do Commércio

Disque 100 contra o abuso

Disque 100 contra o abuso
Publicado em 11.02.2010

Como o Carnaval é um período de muita alegria, mas de muitos excessos, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e a ONG Childhood Brasil estão lançando uma campanha contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes em 14 capitais brasileiras, incluindo o Recife. A proposta é convencer a população a denunciar todo caso suspeito, ligando para o número 100, ou procurando o Conselho Tutelar do lugar onde o crime ocorreu.

As cidades escolhidas para sediar a mobilização receberão bonés, camisetas, abanadores, bandanas, fitas de pulso e tatuagens temporárias para distribuir. Também há peças em inglês e espanhol para facilitar o trabalho da Polícia Federal junto a turistas estrangeiros que, muitas vezes, deixam de cair no passo para sair do compasso, abusando de meninas pobres. Aliás, a imagem escolhida para divulgação da campanha, este ano, é a de uma adolescente fantasiada de pierrot, com uma lágrima que simboliza o sofrimento de crianças e jovens vítimas de violência sexual.

Os organizadores selecionaram as cidades, levando em conta o amplitude do Carnaval e a quantidade de queixas registradas no Disque-Denúncia nacional. Quem está na lista, como o Recife, sabe que precisa criar uma ampla rede de proteção e cobrar empenho do Conselho Tutelar para atender as vítimas desse crime covarde.
Fonte:
Jornal do Commércio

Logo de Carnaval do Comitê Pró-PNDH3 Pernambuco


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Após polêmica nacional, Alepe vai discutir programa de direitos humanos de Lula

Após polêmica nacional, Alepe vai discutir programa de direitos humanos de Lula
POSTADO ÀS 09:48 EM 10 DE Fevereiro DE 2010

Lançado através de Decreto Federal nº 7.037, em 21 de dezembro de 2009, o Plano Nacional de Direitos Humanos PNDH-3 será tema de discussão em audiência pública da Comissão de Cidadania da Assembleia Legislativa, amanhã, 10. O encontro acontece a partir das 9h, no auditório da Casa e reunirá opositores e defensores do plano.

Desde que foi lançado, o PNDH-3 tem gerado muita polêmica, sendo alvo de inúmeras críticas por propor questões como a descriminalização do aborto e a criação de uma Comissão da Verdade, com poder, inclusive, para revogar leis emitidas entre 1964 e 1985 que imponham alguma limitação/restrição aos direitos humanos.

Mas o programa também tem sido defendido por diversos movimentos sociais, que formaram, no mês passado, o Comitê Pernambucano em Defesa e Promoção do PNDH 3. O movimento busca adesão para implementar a agenda do programa, que prevê o envio de 27 projetos de lei ao Congresso, ao longo dos próximos 11 meses.

Entre os convidados para debater o tema na Alepe estão representantes do governo, municípios, conselhos tutelares, Justiça, OAB, Ministério Público e entidades civis. “Precisamos debater profundamente essas questões e esclarecer todas as dúvidas da sociedade”, salienta a deputada Terezinha Nunes, presidente da Comissão.
Fonte:

General que criticou Comissão da Verdade será exonerado do cargo

General que criticou Comissão da Verdade será exonerado do cargo

Lísia Gusmão
Repórter da Agência Brasil



Brasília - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, informou hoje (10) que o general Maynard Marques de Santa Rosa será exonerado do cargo de chefe do Departamento Geraldo Pessoal do Exército por ter assinado nota em que afirma que a Comissão da Verdade, criada pelo governo para apurar os crimes cometidos na ditadura, seria comandada por "fanáticos".

Segundo Jobim, o comandante do Exército, Enzo Martins Peri, confirmou o fato e sugeriu a exoneração do cargo, o que foi encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.





Edição: Talita Cavalcante

Maioria dos abortos é feito por mulheres de 20 a 29 anos, revela pesquisa

Maioria dos abortos é feito por mulheres de 20 a 29 anos, revela pesquisa

BRASÍLIA - A maioria dos abortos no País é feito por mulheres de 20 a 29 anos de idade, que trabalham, têm pelo menos um filho, usam métodos contraceptivos, são da religião católica e mantêm relacionamentos estáveis. Elas têm até oito anos de escolaridade e estão no mercado de trabalho com renda de até três salários mínimos, exercendo funções como as de doméstica, manicure e cabeleireira.

O perfil foi traçado por um estudo que reuniu resultados de mais de 2 mil pesquisas sobre o aborto no Brasil, elaboradas nos últimos 20 anos, com base principalmente em informações de mulheres atendidas em serviços públicos de saúde de grandes cidades depois de induzir o aborto em casa.

O levantamento realizado por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), com financiamento do Ministério da Saúde e das Organizações Pan-Americana e Mundial de Saúde, aponta o uso do medicamento de venda controlada misoprostol, conhecido como Cytotec, como principal método abortivo utilizado no País.

De acordo com uma das coordenadoras do estudo, Débora Diniz, o perfil apontado não traz surpresas, pois reproduz as características gerais das brasileiras em idade reprodutiva. A antropóloga da Unb destacou, no entanto, o fato de mais de 70% das mulheres que abortaram serem mães.

“Essas mulheres decidem pelo aborto já tendo um filho. Diferente do que vulgarmente poderia se imaginar, são mulheres já com experiência de cuidado com filhos. Elas tomam a decisão pelo aborto do alto da responsabilidade da maternidade”, ressaltou.

Para Débora, o uso de métodos contraceptivos por cerca de 70% das mulheres que abortaram indica que eles podem estar sendo utilizados inadequadamente ou de forma descontínua, mas também que o aborto está sempre no horizonte das escolhas reprodutivas femininas.

”Mesmo para as mulheres que se referem ao uso contínuo de métodos anticonceptivos, dado o índice de falha possível deles, o aborto está dentro do horizonte das práticas reprodutivas”, afirmou.

Segundo ela, o uso dos contraceptivos foi registrado na maior parte dos estudos da Região Sudeste, principalmente em São Paulo, onde mais se conhece a realidade do aborto no país. Já no Nordeste, onde menos pessoas foram pesquisadas, a situação é oposta: mais de 50% das mulheres que interromperam a gestação não usaram métodos anticoncepcionais.

O relatório mostra que cerca de 200 mil mulheres foram hospitalizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) em decorrência de tentativas de aborto em 2005. Os pesquisadores consideram que o número representa 20% do total de casos ocorridos no país e assim estimam mais de 1 milhão de abortos para aquele ano. A estimativa, no entanto, fica prejudicada, pois não há dados sobre interrupções induzidas de gestação fora das grandes cidades, em casa e ou em clínicas particulares.

De acordo com coordenadora, os dados mais confiáveis sobre o aborto no Brasil são de uma pesquisa realizada nos anos 90 e reaplicada em 2000 pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), pois foram obtidos em levantamentos domiciliares, utilizando o método de urna, que garante sigilo às mulheres e, conseqüentemente, melhora a qualidade da informação. Segundo o estudo, cerca de 3,7 milhões de brasileiras entre 15 e 49 anos já induziram aborto, aproximadamente 7,2% das mulheres em idade reprodutiva no País.



Fonte:

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2008/05/01/maioria_dos_abortos_e_feito_por_mulheres_de_20_a_29_anos_revela_pesquisa_1294018.html

***

Exploração sexual no Carnaval

EDITORIAL
Exploração sexual no Carnaval

“Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes é Crime. Denuncie! Procure o Conselho Tutelar de sua cidade ou disque 100”. É com esse slogan que a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR) lançou, na semana passada, no Rio e Janeiro, a 5ª edição da Campanha de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Carnaval. Vale registrar que, a escolha do Rio, para sediar o lançamento da campanha em 2010, não foi por acaso. No ano passado, o Estado aumentou em 4% o número de denúncias em relação ao ano de 2008. Para a coordenadora do Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual de Crianças e Adolescentes da SEDH, Leila Paiva, o objetivo da campanha é justamente este: aumentar o número de denúncias durante o carnaval.Segundo ela, antes da realização da campanha, constatou-se que era no carnaval quando as denúncias mais caíam. E, normalmente, em feriados, o número de violações (aos direitos das crianças e dos adolescentes) tende a aumentar. No carnaval, festa onde, infelizmente, tudo pode, é mais propício a acontecer violência sexual, porque é quando há muita festa, muita bebida. Por conta disso, a coordenadora comenta que a queda brusca de denúncias nesse período não era compatível com o que acontecia na realidade. Constatação comprovada após o início da mobilização, pois os números, de denúncias no carnaval, voltaram a crescer após a campanha. Vale ainda ressaltar que a intenção da campanha é realmente não diminuir, e sim aumentar, o número de denúncias. Para chamar ainda mais a atenção da sociedade para o problema, durante o carnaval, serão distribuídos abanadores, adesivos, camisetas, tatuagens temporárias e cartazes com o slogan da campanha. A ideia é também fazer um alerta aos turistas estrangeiros. Para isso, além do material em português, também foram produzidas peças em espanhol e inglês. A Campanha de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Carnaval estará presente nas cidades do Rio de Janeiro, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Corumbá, Fortaleza, Florianópolis, Manaus, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Salvador, São Paulo e Vitória.

Fonte: Folha de Pernambuco

Programa Nacional de Direitos Humanos e as mulheres

Programa Nacional de Direitos Humanos e as mulheres

Paula Viana // Enfermeira
Opiniaoartigo.pe@dabr.com.br

O governo brasileiro almeja uma liderança política no cenário internacional em relação a temas sociais e humanitários. Desta forma, é com surpresa que nos deparamos com a sua mudança de postura em relação ao tema da descriminalização do aborto e a sua recente declaração no sentido de modificar o texto do Plano Nacional de Direitos Humanos. O governo brasileiro assumiu compromissos junto a órgãos internacionais das Nações Unidas de rever a legislação que pune o aborto e de garantir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Porém até o momento isso não se concretizou.

A rede pública de atenção e proteção aos direitos humanos das mulheres evoluiu muito nos últimos anos, inclusive com a criação de dispositivos legais como a Lei Maria da Penha. No entanto, é inegável a fragilidade sentida de perto por quem precisa acessar os serviços públicos de atenção às mulheres vítimas de violência em suas diversas formas. O fato é que a existência no Estado Brasileiro de Marcos Legais Nacionais e Internacionais de proteção dos direitos humanos das mulheres no âmbito da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos, não tem, no entanto, se revertido em mudanças significativas nos indicadores de qualidade de vida das mulheres principalmente as negras, as indígenas, as jovens e mulheres da zona rural.

O Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) é resultado de dezenas de conferências estaduais, com milhares de participantes da sociedade civil e do governo, o documento reflete as políticas de interesse da população brasileira em seus mais variados setores. No entanto, alguns grupos com perfil conservador e fundamentalista têm pressionado, e desmedidamente reagido, contra o Poder Executivo por mudanças no texto do Programa.

O PNDH3 incorpora o eixo que objetiva combater as desigualdades estruturais, as ações que visam garantir os direitos das mulheres com o estabelecimento das condições necessárias para a sua plena cidadania, apoiando a aprovação do projeto de lei quedescriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos.

O impacto negativo da ilegalidade do aborto na vida e na saúde das mulheres brasileiras é enorme.Não basta tipificar o aborto como crime para preveni-lo. Aborto não é caso de polícia e sim, de saúde pública. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 250 mil mulheres são internadas por complicações decorrentes do aborto inseguro. O aborto inseguro constitui a quarta causa de mortalidade materna no Brasil e desvenda graves falhas na atenção à saúde e o baixo grau de autonomia das mulheres para o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos.

Nos países onde o aborto é legalizado, além de diminuir os números de complicações e mortes, o número absoluto de realização de aborto tem diminuído. Queremos acabar com o problema ou criar outros? É preciso entender que sem os direitos das mulheres, os direitos não são humanos.

Fonte:

Diário de Pernambuco



Direitos humanos

Direitos humanos
Publicado em 09.02.2010

José Luiz Delgado

jlmdelgado@terra.com.br

Se os direitos são sempre de algum homem concreto, ou de uma associação de homens, que sentido teria falar em “direitos humanos” ou numa Declaração de Direitos do Homem, como aquela, notável, que a ONU proclamou em 1948? É que, se, nos direitos de modo geral, os homens são considerados sob certo aspecto, ou certa atividade (direitos do inquilino e do locador, direitos do empregado e do empregador, direitos do comprador e do vendedor, ou seja, direitos do homem enquanto inquilino, enquanto locador, etc.), os chamados “direitos humanos” no entanto são diferentes: são direitos do homem enquanto tal, enquanto homem, não enquanto essa ou aquela de suas qualidades. Direitos de todo e qualquer homem, direitos da pessoa humana, direitos que decorrem do puro fato de ser homem, não direitos que decorrem de uma qualquer das apropriações ou das ações dos homens.

Outra coisa, porém, é o conjunto de propostas que constam do chamado Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) que tanta polêmica vem provocando. Muita coisa boa haverá dentro dele. Mas há também delírios e, sobretudo, imensas confusões e deformações quanto ao que seriam, propriamente, direitos humanos. Parecem querer impingir como "direitos humanos" certa ideologia do pior modernismo, promovendo trágico retrocesso moral, a ser imposto por um processo de tendência nitidamente totalitária, a começar pelo controle dos meios de comunicação.

A tortura é óbvio que agride frontalmente direito humano fundamental, e, sem dúvida, é direito humano enterrar seus mortos e conhecer a maneira como eles encontraram o fim. Mas que direito humano há no financiamento público das campanhas eleitorais? Pode, esse financiamento, ser bom ou ruim - é questão perfeitamente atual, mas o que positivamente não é, é "direito humano". Do mesmo modo, a sugestão de emenda constitucional para as polícias militares não mais serem forças auxiliares do Exército. Boa ou não essa sugestão, "direito humano" é que ela não é, nem tem nada a ver com eles. E de que modo a presença (tradicional, histórica) de símbolos religiosos prejudica o direito humano da liberdade religiosa dos crentes de outros credos, ou a liberdade de pensamento dos ateus? Por coerência, esse nefasto plano terminará por propor a dinamitação do Cristo no Corcovado...

A inclusão do aborto é outra trágica deformação. Aborto virou direito humano? Não há de ser direito humano do feto, aquele que vai ser trucidado... Seria elemento da liberdade da mulher, ou, como o PNDH diz, "autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos". Não só essa proposta ignora completamente a figura do pai (que, parece, tem também alguma coisa a ver com o feto que se encontra no útero materno...), como também desconhece o fato de que não há direito à automutilação, tanto que as lesões corporais são punidas mesmo quando haja consentimento da vítima. Ou seja: se o feto é "parte" do corpo da mulher, ela não pode se automutilar. E se não é, pior ainda: é atingir outrem, tirar a vida de outrem, do nascituro.

Esse PNDH é uma miscelânea, salada deplorável e perigosa. Autêntico saco de gatos, leva a um totalitarismo patente em várias propostas. São duas coisas completamente distintas - uma, os autênticos direitos do homem, os daquela declaração da ONU, que Bobbio considerava um fato novo na história ("pela primeira vez um sistema de princípios fundamentais foi livre e expressamente aceito pela maioria dos homens que vive na Terra") e de que é reflexo o capítulo dos "direitos fundamentais" de nossa Constituição, e outra, esse conjunto de ideias ou fantasias, algumas boas, outras péssimas, que empurraram para o presidente Lula assinar.

» José Luiz Delgado é professor universitário

Fonte:

Jornal do Commércio

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

3 ° Programa de Direitos Humanos volta à discussão em Brasília

3 ° Programa de Direitos Humanos volta à discussão em Brasília

A audiência pública reunirá defensores e opositores do PNDH 3

Setores que defendem e os que criticam o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) participarão na próxima quinta-feira (04) de uma audiência pública sobre o assunto, às 9h, no Plenário 9 da Câmara dos Deputados, em Brasília. O programa tem sido defendido pelos movimentos sociais e entidades de classe. Tem sido alvo de críticas por parte de alguns setores, por propor diretrizes voltadas para a abertura dos arquivos do período da ditadura militar e a apuração das violações aos direitos humanos, fortalecimento da reforma agrária, a descriminalização do aborto e a criação de um marco legal que prevê penalidades aos desrespeitos cometidos pela mídia aos direitos humanos.

O PNDH 3 é resultante de vários processos de conferências de Direitos Humanos, realizadas nos âmbitos municipais, estaduais em nível nacional, com participação de diversos segmentos da sociedade civil e governo.

Para efetivar as medidas do plano, o governo prevê o envio de 27 projetos de lei ao Congresso, ao longo dos próximos 11 meses.

No mês passado foi formado no estado, o Comitês Pernambucno em de Defesa e Promoção do PNDH 3. Iniciativa semelhante foi desenvolvida em São Paulo. Tais espaços têm como objetivo articular gestores e políticos para que promovam adesão ao plano, implementando assim a agenda do Programa.

PNDH: Nossa conquista, direito de todos

Comitê pró-PNDH3 reunido no GAJOP

PNDH: Nossa conquista, direito de todos
05 de Fevereiro de 2010



O Comitê de Defesa e Promoção do PNDH 3 (Plano Nacional de Direitos Humanos) de Pernambuco realizou na sede do Gajop (Gabinete de Assessoria às Organizações Populares), no bairro da Boa Vista, no Recife, mais um encontro para discutir e planejar os próximos passos visando à defesa do plano. Desde o seu anúncio em dezembro do ano passado, o PNDH 3 vem sendo alvo de duras críticas por parte de diversos setores da sociedade civil, entre eles militares, empresários ligados ao agronegócio, da Igreja Católica e, de forma mais veemente, das emissoras de televisão, particularmente a Rede Globo.

Constituído em janeiro deste ano com o objetivo de organizar a reação dos setores progressistas da sociedade à tentativa de descredenciar e esvaziar a iniciativa do Governo federal em defesa dos direitos humanos no País, o grupo tem como uma de suas principais estratégias de atuação a busca de adesões junto aos movimentos sociais, organizações de classes, trabalhadores, sindicatos, movimentos de mulheres, estudantes, bem como ao Poder Público do Estado.

Atualmente, os integrantes do órgão se articulam para agendar encontros com o governador Eduardo Campos, os prefeitos da Região Metropolitana, além de partidos políticos, parlamentares e dirigentes do Ministério Público. O mandato do vereador Luciano Siqueira (PCdoB), as prefeituras do Recife e do Jaboatão dos Guararapes, além de órgãos e entidades como o Gajop, Grupo Curumim, UBM, CTB, DCE da Unicap, Frente LGBT, MNU, Cendhec, CPT, DCE da UFRPE, UNE e MNDH já aderiram ao grupo.

Os integrante do Comitê de Defesa e Promoção do PNDH 3 também se mobilizam para garantir a presença maciça de representantes desses setores na audiência pública que a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe) realiza na próxima quarta-feira (10), atendendo à recomendação da Comissão de DH e Minorias da Câmara dos Deputados. A plenária acontece às 09h, no 6º andar do Anexo I da Alepe, localizado à Rua da União, centro do Recife.

A próxima reunião do Comitê acontecerá na quinta-feira (11), na sede do SOS Corpo, localizado na Madalena, no Recife, às 14h30. No encontro serão discutidos os detalhes do ato público a ser realizado no dia 08 de março dentro das comemorações do Dia Internacional da Mulher. A idéia é aproveitar a data para ampliar a visibilidade do programa. Na reunião desta sexta-feira, o mandato do vereador Luciano Siqueira foi representado pelos assessores parlamentares, Custódio Amorim e Inamara Mélo.

PNDH 3 – O Plano Nacional de Direitos Humanos 3 foi aprovado durante a 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos realizada em 2008 e se constitui em um importante passo no sentido de o Estado brasileiro assumir a bandeira dos Direitos Humanos em sua universalidade, interdependência e indivisibilidade como política pública e expressa avanços na efetivação dos compromissos constitucionais e internacionais com direitos humanos.

As propostas do PNDH 3 começaram a ser debatidas publicamente em 2003, logo no início do primeiro mandato do presidente Lula. Os temas nele contemplados foram discutidos em 137 encontros, entre conferências livres, territoriais, regionais, estaduais e distritais, que envolveram cerca de 14 mil participantes, na 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, que contou com a participação de 1.200 delegados de todo o País, e com os ministérios do Governo federal, o que assegura o seu caráter essencialmente democrático e participativo.

“O texto esteve sob consulta pública e disponível à apreciação da sociedade e da imprensa durante quase um ano o que contraria o argumento de que o documento não foi discutido com a sociedade”, afirma o vereador Marcelo Santa Cruz (PT), lembrando que as propostas do PNDH 3 são resultado das diversas conferências realizadas ao longo do governo Lula . “São aspectos que foram debatidos por cada segmento e consagrados em grandes debates feitos pela sociedade civil. Além disso, esse é o terceiro Plano e muitas das propostas nele constantes já estavam contempladas nos planos anteriores”, explica o vereador.
Fonte:


http://www.lucianosiqueira.com.br/site2009-2/index.php?/Geral/pndh-nossa-conquista-direito-de-todos.html

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Violência contra alunos cresce na internet

Violência contra alunos cresce na internet
Juventude // Autoridades ainda não conseguem deter o cyberbullying, que atinge 3 entre cada 10 estudantes
Glória Tupínambás
gloriatupinambas.df@dabr.com.br

Brasília - O burburinho ao fundo da sala de aula, a fofoca sempre feita pelas costas e a risada maldosa no canto da boca ganham dimensões cibernéticas quando chegam às redes sociais e aos sites de relacionamento da internet. A agressão, o preconceito e as humilhações que antes ficavam restritos a um pequeno grupo de pessoas agora fogem ao controle até das autoridades e ganham o mundo sob a forma do cyberbullying.

Se ainda não ganhou tradução em português, o termo bullying - derivante de "bully", que quer dizer valentão - tem significado forte para os jovens que sofrem a intimidação dos colegas e até de professores. O assunto é tão sério que se tornou alvo de estatística do IBGE. Três em cada 10 estudantes brasileiros, matriculados no último ano do ensino fundamental, relatam ter sido vítimas dessa humilhação.

Brasília é a capital com o maior índice de casos (35,6%). O segundo lugar é ocupado por Minas Gerais. Na internet, o fenômeno faz novas vítimas a cadadia e já responde por uma avalanche de processos na Justiça contra empresas virtuais e provedores de sites, como o Orkut, de propriedade da Google Brasil, que abriga cerca de 90% dos conteúdos criminosos investigados recentemente pelo Grupo de Combate a Crimes Cibernéticos do Ministério Público Federal (MPF).

"Pela internet, o potencial de disseminar atos ilícitos é infinitamente maior e ainda há o requinte do anonimato propiciado pela tecnologia", alerta a coordenadora da Promotoria de Combate aos Crimes Cibernéticos do Ministério Público, Vanessa Fusco Nogueira Simões, especialista em cyberbullying. Ela diz que os jovens são mais suscetíveis ao bullying porque estão em fase de afirmação. Rodrigo (nome fictício), 8

anos, conhece bem os traumas desse tipo de agressão. Em agosto do ano passado, colegas de sala mancharam a reputação do garoto ao criar um falso perfil num site de relacionamentos. "Eles tiraram uma foto minha pelo celular e colocaram meu nome, minha idade e a escola em que estudo na página. Não gosto nem de lembrar o que falaram de mim. Disseram que sou 'mulherzinha' e outras coisas horríveis", contou Rodrigo, ainda muito abalado. Os pais do menino, aluno de um colégio particular de Belo Horizonte, estão movendo uma ação contra a empresa virtual.

Em Brasília, a servidora pública Estela (nome fictício), 31 anos, foi vítima de bullying duas vezes na adolescência. O episódio mais traumático ocorreu quando ela tinha 11 anos. "Um dia comentei que o trabalho do nosso grupo estava uma titica. A palavra virou meu apelido e se espalhou por toda a escola. Sempre que eu entrava na sala de aula, meus colegas entoavam um coro sussurrando 'titica-titica-titica'". Na época, ela não conseguiu contar o que se passava nem para os pais. "Quem sofre com o bullying não conta. A confiança que temos nas pessoas é abalada. Se até nossos amigos fazem isso, em quem confiar?", questiona.

Dorothy Stang // Acusado de matar missionária se entrega no Pará

O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang se entregou ontem à Polícia Civil do Pará. Na última quinta-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou habeas corpus impetrado pela defesa do acusado.

Bida se apresentou por volta das 6 horas na Delegacia de Altamira, interior do Pará. Após fazer exames de corpo de delito, o fazendeiro foi levado para o Presídio Regional de Altamira. De acordo coma Polícia Civil, Bida ficará no presídio à disposição da Justiça, que pode determinar sua transferência para outro local. Em 2007, Bida foi condenado a 30 anos de prisão. No entanto, um novo julgamento em 2008 inocentou o fazendeiro.

O Ministério Público entrou com um recurso e a Justiça paraense anulou a absolvição do fazendeiro e determinou nova prisão. A defesa de Bida entrou com um pedido de habeas corpus no STJ e conseguiu uma liminar que o manteve em liberdade até o julgamento do mérito na última quinta-feira (4). DorothyStang foi assassinada com seis tiros em 12 de fevereiro de 2005 no município de Anapu, sudeste do Pará. A missionária trabalhava com pequenos agricultores pelo direito à terra e contra a exploração de grandes fazendeiros da região.


Fonte:

Diário de Pernambuco

Um novo futuro para a juventude

Um novo futuro para a juventude
Pesquisa // Estudo mostra que, em 20 anos, população entre 15 e 24 anos reduzirá, assim como a pressão por novas vagas de trabalho
Luiza Seixas
luizaseixas.df@dabr.com.br


Brasília - A principal preocupação dos jovens de hoje em relação ao futuro é de como será o mercado de trabalho. Eles acreditam que, se hoje a competição é grande, daqui a alguns anos a briga por uma vaga será mais acirrada. As pessoas terão que se destacar mais e ter especialização na área em que pretendem trabalhar. Outro ponto que também vem assustando a juventude brasileira é a violência. Mas, de acordo com publicação divulgada nesta semana, a realidade dos jovens pode ser diferente nos próximos 20 anos. Os dados foram levantados pelo Fundo de População das Nações Unidas, pela Secretaria Nacional de Juventude, pela Universidade de Brasília e pela Caixa Seguros.

Diante da realidade atual, o estudante de administração Bruno da Cruz Portes, 20, nem pensa em ter filhos, pois teme o futuro deles. Atualmente, ele trabalha em um laboratório de análises, mas garante que entre seu grupo de amigos, é um dos poucos que está empregado. "O mercado está muito competitivo. Se hoje já vejo muita gente correndo atrás e tendo dificuldade de entrar no mercado, fico imaginando como vai ser daqui a alguns anos", disse. "Fico preocupado também com a violência. Não vou colocar filho no mundo para ficar preocupado com essas coisas", completa Bruno.

O livro A juventude brasileira no contexto atual e em cenário futuro afirma que até 2030 os jovens terão menor participação no mercado, maior escolaridade, mas pouco avanço na redução da mortalidade causada por fatores externos, como violência e acidentes. Segundo a representante do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), Taís Freitas Santos, o país está passando por mudança em termos demográficos. A população brasileira, a exemplo de populações desenvolvidas e em desenvolvimento, vivencia declínio de fecundidade. "Esse processo nos outros países levou cerca de 100 anos e no Brasil acontece em 30. Isso implica menos jovem e em tendência de envelhecimento da população", diz.

Essa redução resulta, como explicou, em relação ao mercado de trabalho, em contínuo crescimento da população em idade ativa, que vai de 10 a 59 anos, passando de 53 milhões de pessoas em 2006 para 56,6 milhões em 2030. Mas a demanda de jovens entre 15 e 24 anos cairá de 21,5% para 14,3%, reduzindo a pressão por abertura de novas vagas. Hoje são necessárias mais de 1 milhão de vagas para absorver as pessoas que buscam o primeiro emprego. Ela ressalta ainda que, no futuro, há expectativa maior de igualdade de gêneros no mercado, decorrente do atual índice de escolaridade das mulheres, que tem crescido bastante. "Hoje, as mulheres têm nível de escolaridade maior que os homens, mas tê m empregos piores. E, quando o posto ocupado é o mesmo, o salário é menor", afirma. Apesar desses pontos positivos, a mortalidade de faixa da população por causas externas, pode aumentar. "É preciso realizar investimentos, como criar empregos para dissolver essa população, para que esse fator diminua", completa.

Números positivos

O estudo mostra ainda que o número de analfabetos entre 15 e 24 anos poderá cair entre 28% e 83,5% até 2030, resultando em uma taxa de analfabetismo quase nula. Em relação à saúde, a análise indica que são necessárias políticas públicas específicas e contínuas. Pois, se por um lado possuem um maior acesso ao sistema de saúde, por outro, encontram-se mais vulneráveis e expostos à gravidez precoce e à infecção pelo HIV/Aids. Para a representante do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), Taís Freitas Santos, o livro traz duas vantagens: tratar a juventude além do cenário atual e fornecer termos para o futuro e não trabalhar apenas em um agregado, mas chegar no nível de regiões metropolitanas, com dados das nove maiores regiões e de quatro capitais: Brasília, Goiânia, Manaus e Teresina.

"Outro grande problema que a gente vê é que as políticas são elaboradas apenas em determinado governo e o nosso grande desafio é transformá-las em políticas de estado, pois assim você tem um comprometimento maior. Quando éde governo, no momento em que ele termina, o compromisso muda", explica Taís. A publicação projeta uma redução de 18,3% do total de jovens na população brasileira até 2030. Essa queda deverá ser mais expressiva nas regiões metropolitanas de Brasília e Goiânia.

Fonte:

Diário de Pernambuco

“Ruim era quando as pessoas se sentiam impunes”

“Ruim era quando as pessoas se sentiam impunes”
Publicado em 06.02.2010

O presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Jones Figueiredo, transmite o cargo, na próxima quarta-feira, para o desembargador José Fernandes de Lemos. Na entrevista de balanço, concedida ao repórter João Valadares, Jones fala das dificuldades encontradas para tentar destravar uma das justiças mais lentas do Brasil, analisa a atuação forte do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e explica o mecanismo de gestão e cobrança de resultados que está sendo implantado em Pernambuco. O presidente faz algumas ressalvas em relação à atuação do CNJ e reconhece a falta de pessoal. “O número de servidores ainda é insuficiente.”

JC – Que Tribunal de Justiça o senhor deixa para o seu sucessor?

JONES FIGUEIREDO – O desembargador José Fernandes recebe um tribunal aglutinante em termos de coesão de ideias. É um tribunal que se renova porque fez a sua autocrítica, verticalizou o próprio conhecimento de seus problemas e se transforma como um tribunal moderno em termos de impacto de gestão. O investimento nas pessoas e na tecnologia marcaram um cenário novo. Houve um incremento de pessoal para as unidades judiciárias. Foram nomeados, na nossa gestão, mais de 2.200 servidores. Fizemos permanente capacitação profissional e investimento em infraestrutura. Passamos a ser o oitavo tribunal do País em termos de avanços tecnológicos na área de informática com um multiplicador quantitativo de pessoas na área de analistas de sistema, por exemplo. Estamos fazendo uma mudança em termo de cultura de gestão.

JC – Mas Pernambuco ainda tem a Justiça mais lenta do País. Pelo menos é o que aponta o último estudo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As mudanças, citadas pelo senhor, não surtiram efeito, então?

JONES – As estatísticas não visualizam por inteiro o problema subjacente. Temos quantitativos de processos que não podem ser avaliados de forma estritamente numérica. As bases de dados indicavam um quantitativo que, na verdade, não tinha consistência de números. O sistema não estava, num primeiro momento, atualizado na base de dados em relação aos processos findos. O juiz profere a sentença, entende que acaba o seu ofício, mas, é preciso ocorrer um gerenciamento interno para que as unidades judiciárias alimentem essas bases de dados, inclusive, com baixa definitiva. Então, falta essa atualização de dados.

JC – Mas por culpa dos próprios juízes. Muitos deles foram notificados pelo CNJ justamente por não alimentar o sistema.

JONES – Pela falta também de pessoal. O número de servidores ainda é insuficiente. E pela falta de cultura de gestão. A grande conquista é exatamente a consciência crítica de que o juiz deve ser gestor de sua vara. Ele não se resume ao dogma do processo. Ele deve gerenciar sua unidade de trabalho pela determinação de resultados e pela gerência do trabalho em termos de produção.

JC – O senhor fala sempre em cultura de gestão, que é preciso mudar. Mas o fato concreto é que continuamos emperrados. O que é que trava o Judiciário pernambucano?

JONES – Os novos dados que o CNJ irá divulgar, exatamente em função da taxa de congestionamento, colocarão Pernambuco numa situação mais saudável, numa melhor posição. Primeiro, é preciso dizer que o quantitativo não espelhava a realidade. Segundo, houve um enxugamento. Tínhamos no Recife 800 mil execuções fiscais. Em Gravatá (Agreste), execuções fiscais de R$ 0,85. Isso representava um quantitativo extremamente elevado sem um resultado útil. Eram ações destinadas a não apresentar nenhum resultado efetivo. Duas vertentes podem ser trabalhadas nessa linha de pensamento. Primeiro, os dados não estavam alimentados devidamente. Faltava gerência de informação sobre isso. E, segundo, não havia um filtro para que processos sem nenhuma valia pudessem ser extintos. Basta dizer que a PCR extinguiu, de uma só vez, mais de 150 mil ações.

JC – Em agosto do ano passado, dos 49 mil processos distribuídos, 15.500 estavam sem movimento há mais de 100 dias. É um número assustador. O andamento deles não estava sendo colocado no sistema ou eles estavam parados mesmo?

JONES – Esse é um dado que merece uma análise mais aprofundada. Há uma insuficiência também de juízes. Foi um ano atípico. Buscamos cuidar da meta 2. A prioridade foi muito mais concentrada em processos antigos (até 2005). Isso pode ter implicado a demora do andamento regular e devido dos processos mais recentes. É claro que isso gera um efeito multiplicador. Quando a atenção está concentrada em determinados processos, outros não têm o ritmo adequado. Em nível de meta 2, os magistrados de Pernambuco tiveram uma produção de 52 mil sentenças, superior à do Rio Grande do Sul.

JC – Temos observado um trabalho muito forte do CNJ. E, quando os resultados são divulgados, há um desgaste grande e natural da Justiça de Pernambuco. Como o senhor avalia o trabalho do CNJ, especificamente aqui no Estado?

JONES – Avalio o trabalho do CNJ como uma atuação de um consultor organizacional. Essa inspeção feita em Pernambuco foi a 12ª em tribunais do País. Ela trouxe resultados positivos. Fez uma avaliação crítica em nível de aconselhamento e diretivas operacionais, no sentido de ser facilitador como instrumento de eficiência. O CNJ atua, num primeiro momento, com essa capacidade fiscalizatória, no entanto, também de orientação. Entendo que a atuação tende a ser uma atuação gerencial. Em outro ponto, em determinados momentos, a atuação do CNJ passa a ter uma consideração genérica, que não se adequa a determinados Estados ou determinadas circunstâncias. Exemplos: o CNJ disse que não estávamos cumprindo a resolução no que diz respeito a diárias e concessão de diárias parciais ou aquelas que têm pernoite. A resolução do CNJ não dispõe sobre quilometragem e a nossa tem um limitador. Não permitimos pagamentos de diárias parciais antes dos 50 quilômetros. Como a resolução do CNJ não dispõe sobre quilometragem, estaríamos fazendo um limitador muito rigoroso. Não concebo a possibilidade de pagamento de diária na Região Metropolitana.

JC – Mas, no relatório, há denúncias muito mais graves apontadas. Desvios de função, erros em licitações e nepotismo.

JONES – Pontualmente, o que o CNJ determinou foi que se verificasse esses nomes de servidores e que 23 casos fossem checados. Havia similitudes de sobrenome parcial. A Secretaria de Gestão de Pessoas não identificou nenhum caso dessa similitude que significasse relação parental. Os 23 casos apontados eram em função de nomes que nem sequer os próprios servidores ou magistrados tinham ideia de relacionamento familiar. Eu sou Figueiredo e o desembargador Luis Carlos Figueiredo não é meu parente. E isso foi constatado. Não há nenhum caso. O cruzamento de dados serviu como uma hipótese e não foi confirmada.

JC – O senhor relatou no início da entrevista que o tribunal fez uma autocrítica. Que autocrítica o senhor faz em relação à gestão?

JONES – A autocrítica no sentido de o tribunal melhor se conhecer. Efetivamente é preciso ter relatórios gerenciais que permitam atuarmos com mais eficiência. Criamos um centro de custos. Isso permite uma visibilidade instantânea do que se opera em termos de despesas em todas as unidades de trabalho. Este foi um dado importante. Buscamos uma maior economicidade. O próprio projeto arquitetônico das torres do tribunal, a nova sede do tribunal, foi feito dentro de casa sem nenhum custo. Foi o setor de engenharia e arquitetura do tribunal que possibilitou a criação do projeto e a racionalização das despesas. Operamos com as comunicações via online. O diário oficial eletrônico impactou essa mudança. Não temos mais a mídia impressa, o que significava custo. Então houve uma racionalização de despesas para efeito de se empregar naquilo que é mais prioritário. Por isso, foi possível se nomear mais de 2.200 servidores.

JC – No ano passado, o tribunal afastou dois juízes por práticas criminosas. Não é um número pequeno em relação à quantidade de denúncias? O sentimento de corporativismo ainda não é muito grande?

JONES – Acho que o grande avanço foi exatamente o tribunal atuar em termos de propósitos, em termos de ideias e não em termos de pessoas. Todos os casos que foram realçados em nível de necessidade de investigação, quanto a desvios de conduta funcional dos magistrados, todos estão sendo apurados. Basta dizer que temos juízes respondendo a processos administrativos por quebra de eficiência. Não apenas por condutas desonestas. Também pela falta de eficiência na produtividade.

JC – A inspeção do CNJ aponta que grande parte das sindicâncias contra juízes, a que o senhor se refere, está parada. São 272 sindicâncias sem andar.

JONES – Não procede essa informação. Temos, semanalmente, sessões da corte especial onde processos administrativos são julgados. Há um trâmite normal. Evidentemente, com a atuação de fiscalização mais rigorosa, a tendência é que o número de processos cresça. Quando se fala que são 200 (sindicâncias) que estão paradas, na verdade, elas estão tramitando e exatamente pelo acervo de procedimentos investigatórios. Pode parecer que há uma demora. Muito pelo contrário. Ruim era quando não havia nenhum processo administrativo e as pessoas se sentiam impunes.

JC – O que o senhor fez para facilitar o acesso das pessoas, sobretudo as mais pobres, à Justiça?

JONES – A criação de novas varas é um marco importante, principalmente, na área da família e da infância e juventude. O acesso à Justiça ocorre com a disponibilidade de magistrados, mas, diria que alguns fatos foram importantes no que diz respeito a tutelar a dignidade das pessoas. A gratuidade para obtenção da folha de antecedentes criminais, a gratuidade para averbação da paternidade voluntariamente reconhecida. Havia uma restrição a esse direito que era o pagamento da averbação. Houve a gratuidade. O fato de as varas terem maior dinâmica em relação à operacionalidade do pessoal e de tecnologia permite que os processos possam ser melhor monitorados.

JC – O senhor reconhece a precariedade da estrutura física dos prédios da Justiça no interior?

JONES – A precariedade no interior diz respeito exatamente à circunstância de que existe uma necessidade permanente de manutenção dos prédios. A lotação dos servidores ainda não alcançou todas as comarcas do Estado, justamente porque este número que foi nomeado corresponde a cerca de 35% das necessidades imediatas. Temos o que chamamos de varas municipalizadas: 24% dos servidores são cedidos aos fóruns pelas prefeituras. São 150 comarcas no Estado. Instalamos as comarcas de Itamaracá e de Lagoa Grande. Em setembro do ano passado, todas as comarcas do Estado ficaram integradas em rede ao sistema de acompanhamento processual. E agora com o acesso a internet, por meio de um programa chamado Tribunal Conectado. Os juízes receberam notebooks. Houve inclusão digital dos servidores. Todos eles receberam uma ajuda de custo de R$ 2.400 para obtenção de notebooks. Vamos instalar um sistema integrado de conexão em qualquer parte do Estado. Você pode acessar em qualquer lugar, via internet, a base de dados processuais do tribunal e também alimentá-la com decisões. É a Justiça mais instantânea.

JC – Pernambuco ainda é um dos Estados com menor número de juízes em relação à população. Não adianta só ampliar esta rede, não é?

JONES – A abertura do concurso foi postergada em função de uma resolução do CNJ, que impunha que estes concursos não poderiam ser terceirizados. Apenas na prova objetiva, na primeira etapa, é que o tribunal poderia terceirizar. Tínhamos feito um contrato com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para que o concurso fosse totalmente realizado por atividade externa, sem depender de qualquer atuação do tribunal. A resolução 75 impossibilitou isso. Nós tentamos que o CNJ revisse a resolução. Mas não conseguimos. O tribunal só pode terceirizar o processo na primeira etapa. Isso implicou num atraso na abertura do concurso. Estamos revendo o contrato com a Fundação Getúlio Vargas. De imediato, vamos oferecer 30 vagas para magistratura. Evidentemente que o número é bem maior e tende a ser maior com a movimentação de editais que façam os juízes saírem de primeira para segunda entrância ou para a capital. Haverá esta mobilidade na carreira. E com isso, as comarcas de base terão vagas. Temos 50 vagas de juízes substitutos. Ao longo do concurso haverá o provimento de muito mais vagas.

Fonte:

Jornal do Commércio