Repressão x prevenção: um novo paradigma
Armando Nascimento // Mestre em gestão pública
armando.nascimento@ufpe.br
O modelo brasileiro é comprovadamente ineficiente e ineficaz no quesito estratégia para conter a violência. São Paulo e Rio de Janeiro divulgaram os dados da violência nos respectivos estados. Nos dados relativos a 2008 e 2009, o Rio apresenta uma queda, mesmo ficando em 34,6 assassinatos para cada 100 mil habitantes, e São Paulo teve uma alta, ficando em 10,9 assassinatos para cada 100 mil habitantes.
A cidade de Seattle, nos Estados Unidos apresenta um índice de 3,5 assassinatos para cada 100 mil habitantes. Este índice em comparação com o brasileiro, mesmo sem incluir Recife e outras cidades, deixa claro que estamos vivendo uma epidemia no Brasil.
Há bastante tempo o paradigma desenvolvido por George Kelling e James Wilson "teoria das janelas quebradas" figurava como uma tecnologia de ruptura para o Brasil no nível de modelo para o combate à violência, uma vez que a tecnologia sustentada brasileira é ineficiente e ineficaz por produzir uma situação de segurança e não um estado. Este resultado brasileiro difere do conceito adotado por especialistas de Segurança de todo mundo, quando concordam que uma boa definição de Segurança pode ser "Conjunto de medidas, capazes de gerar um estado, no qual os interesses vitais de uma sociedade estejam livres de danos, interferências e perturbações". A segurança brasileira é sempre localizada e passageira, enquanto nos países que adotam o conceito correto de segurança ela é sempre abrangente e permanente.
A prova da aplicação do conceito correto de segurança, é a busca por novas tecnologias que irão romper com as tecnologias sustentadas, a cidade de Seattle rompe com o modelo de Kelling e Wilson, adotando a tecnologia de dois especialistas em violência Gary Slutkin - médico da Universidade de Illinois e o criminologista David Kennedy - diretor do Centro para Prevenção e Controle do Crime, da Univesidade de Nova York.
Slutkin trata a criminalidade como uma doença contagiosa e Kennedy defende a imediata ação da polícia, seja a nível operacional como educativo.
A novidade do modelo Slutkin e Kennedy em relação ao modelo de Kelling e Wilson, é que além de consertar a janela quebrada com rapidez, é necessário convencer o criminoso a não quebrá-la. Esse convencimento é desenvolvido a partir do paradigma de que o conhecimento é um novo fator de produção, conforme ensina Davenport e Prusak, (1999. p.61) "Conhecimento é uma mistura fluída de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações", visando a descoberta de um modelo para o Brasil a partir das técnicas da Inteligência Artificial (Sistema Especialista - Raciocínio Baseado em Casos - Rede Neural Artificial e Algoritmo Genético). Para se descobrir um modelo coadunado com a realidade brasileira e conectado com o novo modelo de sociedade globalizada, na qual saímos de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento, na qual o conhecimento tem por função: transformar dados em informação (por interpretação); Derivar novas informações das existentes (por elaboração); e adquirir novo conhecimento (pelo aprendizado).
A partir dessa nova visão, para entrarmos na sociedade do conhecimento, devemos investir em: Educação, Rede e Cooperação. As organizações policiais necessitam de um novo profissional: o policial do conhecimento para apoiar a gestão do conhecimento dentro do novo papel do estado de apoiar a construção das bases para o desenvolvimento sustentável, promovendo as condições ambientais, econômicas e sociais que possibilitem a criação de um contexto favorável à inovação e ao crescimento do ser humano.
Fonte: Diário de Pernambuco 23.03.10
quarta-feira, 24 de março de 2010
Repressão x prevenção: um novo paradigma
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