quarta-feira, 3 de março de 2010

Estado investiga punição a detentos homossexuais

Estado investiga punição a detentos homossexuais
Publicado em 23.02.2010

Sindicância apura denúncia de que 16 presos teriam sido obrigados, por agente penitenciário e um chaveiro, a raspar a cabeça por causa da opção sexual. Relatório será entregue ao Ministério Público

A Secretaria-Executiva de Ressocialização (Seres) instaurou sindicância, na tarde de ontem, para apurar denúncia da Pastoral Carcerária de que 16 presos homossexuais teriam sido obrigados, na semana passada, a raspar a cabeça no Presídio Aníbal Bruno, no Sancho, Zona Oeste do Recife, como forma de punição pela opção sexual. Um relatório detalhando casos de humilhação e tortura em unidades prisionais do Estado, assinado em conjunto pela Pastoral Carcerária e pelo Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões (Sempri), vai ser entregue ao Ministério Público de Pernambuco e à Vara de Execuções Penais. A ordem para raspar a cabeça, conforme a denúncia, partiu de um agente penitenciário e de um chaveiro, preso responsável por trancar as celas dos colegas.

Ontem, o superintendente de Segurança Penitenciária, Isaac Wanderley, comunicou que a Seres já começou a tomar os depoimentos sobre o caso. “Um dos detentos homossexuais se envolveu numa briga com outros presos. Neste caso, tivemos a informação de que os próprios companheiros de cela rasparam o cabelo dele.”

Isaac Wanderley informou que outros seis presos, também homossexuais, foram levados até o gabinete do gerente do presídio, coronel Geraldo Severiano. “Eles informaram que rasparam a cabeça voluntariamente. Não fiquei satisfeito apenas com esse relato e, por isso, instauramos um procedimento investigativo. Precisamos afastar qualquer dúvida sobre o que realmente ocorreu. Eles podem ter sido coagidos. Inicialmente, chegou a denúncia de que 16 presos tiveram a cabeça raspada. Estamos apurando.”

A coordenadora do Sempri, Wilma Melo, informou que raspar a cabeça de presos como punição não é novidade no sistema prisional de Pernambuco. “É uma forma cruel de punição. Uma maneira de diminuir a pessoa. É um desrespeito brutal, um atentado à dignidade humana”, declarou.

O padre Wilmar Varjão, do Comitê de Combate e Prevenção à Tortura e da Pastoral Carcerária, esteve no Aníbal Bruno no fim de semana. “Conversei com os presos. Vamos fazer uma representação junto ao Ministério Público para denunciar toda esta situação. Tive a informação que foram 16 presos, mas ainda não conseguimos identificar todos eles”, ressaltou Wilmar.

Fonte:

Jornal do Commércio

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