Novo programa cria cadastro de foragidos
Em parceria com a Interpol, Polícia Federal quer acabar com a imagem de refúgio seguro para bandidos estrangeiros que o País tem no exterior. Lista incluirá ainda nomes de criminosos sexuais
BRASÍLIA – O ministro da Justiça, Tarso Genro, lançou ontem o programa Fim da Linha, uma série de medidas administrativas da Interpol e da Polícia Federal (PF) para reforçar a fiscalização e aumentar o número de prisões de foragidos estrangeiros no Brasil e de brasileiros procurados no exterior. Com a proposta, Genro espera acabar com a imagem, muito difundida no exterior, de que o País é o refúgio ideal para criminosos de outros países.
Segundo ele, a ideia aparece em pelo menos 50 filmes estrangeiros. “Esse projeto vai dificultar enormemente aquelas pessoas que procuram nosso País de má fé, seja para tráfico de pessoas, para prostituição, seja para abusar sexualmente de nossas crianças”, disse.
O projeto foi sugerido inicialmente pelo diretor da Interpol no Brasil, Jorge Pontes. Pela proposta, policiais poderão acessar a lista de procurados da Interpol em qualquer aeroporto, porto ou posto de fronteira do território brasileiro. Hoje, a consulta está restrita às áreas centrais de fiscalização. O programa prevê também o mapeamento de organizações criminosas ou de criminosos estrangeiros em atuação no Brasil. No estudo, a polícia pretende registrar nomes, origens étnicas e áreas preferenciais de atuação dos criminosos.
Com o mapa, a polícia terá condições de aprofundar investigações sobre tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, prostituição e outros crimes de âmbito internacional. O projeto prevê a elaboração de uma “lista vermelha” de criminosos sexuais formada por estrangeiros condenados ou investigados por abusos sexuais em outros países. De acordo com Pontes, com base nessa lista a polícia poderá ser acionada toda vez que um estrangeiro acusado de crimes sexuais entrar em território brasileiro. A partir daí, a polícia poderia atuar de forma preventiva para evitar a repetição no Brasil de crimes cometidos no exterior.
“O Brasil não pode mais conviver com a ideia de que aqui é um paraíso para criminosos estrangeiros. A Interpol tem feito prisões muito importantes nos últimos anos e vai continuar fazendo esse trabalho, que é importante até para melhorar a imagem do País no exterior”, frisou.
O cartaz, que será usado na divulgação do projeto, foi criado pelo cartunista Ziraldo. No desenho, um policial federal escreve numa parede “Fim da Linha”, logo abaixo da frase “Brasil, paraíso do turismo sexual”. O artista, que já tinha participado da campanha anterior contra o tráfico de animais, declarou que a Polícia Federal tem feito um bom trabalho e que, se for preciso, fará novas parcerias com a instituição sem cobrar cachê. Para o cartunista, são iniciativas dessa natureza que fazem o País avançar. “Farei tudo que for possível fazer para transformar o Brasil”, destacou.
Publicado no Jornal do Commércio em 09.09.2009
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